Por: Ana Paula Marques

Deputado Da Cunha é acusado de agressão a ex-mulher

Psol entrou com pedido de cassação de Da Cunha | Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados

O deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), conhecido como “Delegado Da Cunha”, foi acusado de agredir e ameaçar de morte a ex-companheira Betina Grusiecki, no ano passado. O caso veio à tona no domingo (17), quando Betina divulgou um vídeo no qual o deputado faz ameaças a ela. A repercussão já chegou ao Congresso Nacional. Nesta segunda-feira (18), o Psol apresentou ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados um pedido de cassação do parlamentar.

No vídeo, inicialmente divulgado no programa Fantástico da TV Globo, é possível ouvir o deputado fazendo graves ameaças contra a vida de sua ex-namorada. “Eu vou te matar. Vou encher a tua cara de tiro”. Também é possível ouvir batidas que seria da cabeça da ex-companheira do parlamentar sendo lançada por ele contra a parede do banheiro, segundo testemunhou Betina ao Ministério Público.

Em outubro de 2023, o deputado virou réu quando o caso foi registrado na 2ª Delegacia da Defesa da Mulher (DDM), na Zona Sul de São Paulo, como lesão corporal, ameaça, injúria e violência doméstica. A acusação ainda vai a julgamento. O deputado negou ter agredido a ex-mulher à Justiça.

Impunidade

Após a repercussão do caso, a bancada da Federação Psol-Rede da Câmara apresentaram denúncia ao Conselho de Ética pedindo a cassação do mandato do deputado de Da Cunha. O anúncio da representação foi feito pela deputada Fernanda Melchiona (PSOL-RS) em suas redes sociais.

“Criminosos que atentam contra a vida das mulheres não podem ocupar espaços de poder ou serem representantes do povo. Exigimos que seu mandato seja cassado!”, escreveu Melchiona em sua conta no X, antigo Twitter.

O caso joga luz sobre as atividades do Conselho de Ética da Casa, que ultimamente tem sido marcadas por profunda leniência e corporativismo na proteção dos parlamentares. Neste ano, por exemplo, o colegiado ainda não teve nenhuma reunião. Ao todo, há sete representações contra parlamentares desde 2023 em tramitação — aguardam designação ou parecer de relator. Dos casos analisados no Conselho, 19 foram arquivados, número que corresponde a 72% dos processos. Ninguém sofreu qualquer tipo de punição.

O colegiado é responsável por julgar a conduta dos parlamentares. Entretanto, o presidente do Conselho, Leur Lomanto Jr. (União-BA), já declarou, no ano passado, que os arquivamentos acontecem em decorrência do grupo optar por uma “atuação conciliadora”:

“A maioria das representações ocorreu por debates acalorados e xingamentos, com denúncias quase sempre feitas por PT, Psol e PL, o que mostra a polarização. Procuramos sempre conversar com os líderes partidários e amenizar esse descontrole. Na maioria das vezes, houve arquivamento pela fragilidade das suas motivações e agimos para conciliar essas questões, pedindo serenidade”, disse.

Polêmico

Da Cunha ficou conhecido na internet por vídeos que mostram operações policiais e o dia-a-dia dos agentes. Ele tem mais de 5 milhões de seguidores e um histórico de polêmicas. Em 2021, durante a participação em um podcast, comentou sobre a existência de corrupção na Polícia Civil e, como consequência, foi afastado do cargo de delegado por suspeita de peculato.

Ele também já confessou publicamente que encenou um vídeo com o flagrante de um sequestro em uma comunidade da capital paulista, em julho de 2020. Ele filmou as cenas para publicar em seu canal no YouTube.

Eleito em 2022, Da Cunha compõe o mesmo partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e mantém relações próximas com nomes do PL, o maior partido da Casa.

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