Por: Ána Paula Marques

Briga por presidência incendeia União Brasil

Bivar é acusado por Rueda de ameaças e dos incêndios | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com apenas três anos de sua criação, o partido União Brasil enfrenta a sua maior crise. Na segunda-feira (11), as casas de praia do novo presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e da irmã dele, Emília Rueda, tesoureira do partido, foram incendiadas. Aliados e o próprio Rueda acusam o ainda presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), de ser o mandante do incêndio.

Nesta quarta-feira (13), a executiva Nacional da União Brasil decidiu aceitar a denúncia contra o presidente do partido. A partir da notificação da denúncia, Bivar terá 72 horas para apresentar sua defesa. Desde fevereiro, em meio a uma crise interna pelo controle do União Brasil, Rueda já havia acusado Bivar de ameaçar de morte ele e um familiar. Na época, Rueda havia acabado de ser eleito novo presidente do partido, cargo do qual só irá assumir em maio. Bivar não se conforma com a derrota, e tentou revertê-la.

Como deputado federal, Bivar tem foro privilegiado. Por isso, a defesa de Rueda pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de um inquérito para investigar o deputado. O relator, o ministro Nunes Marques, ainda não decidiu se autoriza as investigações. Para isso, ele deve pedir ainda uma manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre dois pontos: se há indícios para abrir a apuração, e se a competência é da Suprema Corte.

Ameaças

Segundo a defesa de Rueda, a ação será protocolada junto a outro pedido de inquérito, solicitado pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), para investigar as ameaças de Bivar contra Rueda e seus familiares. No pedido, que tramita em sigilo, os advogados afirmam que há uma "pluralidade de indícios" que ligam Bivar ao incêndio, "ainda que não se possa afirmar solenemente a autoria do deputado no caso".

“Desde o dia 26 de fevereiro, uma série de ameaças têm sido perpetradas por parte do deputado Luciano Bivar contra Antônio Rueda, segundo o presidente eleito do União Brasil. “Esse cenário inicial se dá no contexto de uma disputa partidária e, num primeiro momento, há uma gravação que mostra que a ameaça”, disse Paulo Catta Preta, advogado de Rueda.

A causa da suposta ameaça seria a derrota de Bivar — por unanimidade dos votos — nas eleições pela presidência partidária. O parlamentar nega ter envolvimento com o incêndio, e declarou que seu advogado apresentará sua defesa nas próximas 72 horas estipuladas pela comitiva executiva do partido. “Não me sinto ameaçado. O que for o resultado, irei respeitar”, disse Bivar.

Desunião

Integrantes do União Brasil tiveram uma reunião nesta quarta-feira (13) para decidir o futuro da sigla. Deputados, senadores, governadores e prefeitos pedem o afastamento cautelar do presidente da sigla, além de sua expulsão do partido, o que deve ser decidido em outro momento pela União Brasil.

Há uma corrente no próprio partido que defende não só o afastamento do parlamentar, mas também a cassação do mandato de Bivar. Em uma publicada no X (antigo Twitter), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, atacou o deputado e exigiu punição severa.

“O União Brasil fará uma representação junto ao TSE para que esse crime seja investigado. Nós também vamos pedir a cassação do mandato de Luciano Bivar”, escreveu Caiado, que além de apoiador de Rueda, costura um apoio da legenda para ser candidato à Presidência da República em 2026.

Reunião 

Na última terça-feira (12) o deputado Luciano Bivar se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em Brasília. Apesar do teor da conversa não ter sido relavado, Bivar chegou a afirmar que foi “traído” por Rueda, e por sua irmã, Maria Emília.

O mandato de Bivar à frente do União terminaria somente em 31 de maio. A mudança no comando da sigla foi definida no final do ano passado, após uma série de embates internos. Caso o deputado seja deposto de seu cargo como presidente da sigla, Antônio Rueda, uma vez que, além de eleito novo presidente, ele já é o atual 1º vice-presidente do partido.

O União Brasil surgiu em 2022 pela fusão do Democratas e do PSL, ex-partido de Jair Bolsonaro quando foi eleito presidente do Brasil em 2018.

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