Por: Ana Paula Marques

Mauro Cid volta à PF para depoimento que entrou pela noite

Depoimento de Mauro Cid pode seguir nesta terça-feira | Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em outro longo depoimento prestado a Polícia Federal (PF), nesta segunda-feira (11), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, esclareceu questionamentos às autoridades sobre as novas informações obtidas durante a operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado que envolve o ex-presidente, ministros de seu governo e militares das Forças Armadas.

A nova oitiva vem no encalço do depoimento dado pelo ex-comandante do Exército general Freire Gomes, que durou mais de oito horas, no dia 1º de março, em Brasília. Na ocasião, Freire Gomes confirmou a reunião com os comandantes das Forças Armadas para discutir a chamada “minuta do golpe”. E implicou Bolsonaro diretamente, ao afirmar que o próprio ex-presidente convocou a reunião no dia 7 de dezembro de 2022 no Palácio da Alvorada para discutir detalhes sobre a minuta que previa decretar Estado de Defesa para promover uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e anular o resultado das eleições de 2022.

Na delação do ex-ajudante de Ordens, o ex-presidente teria recebido a “minuta de golpe” de Filipe G. Martins, assessor de Assuntos Internacionais, mas não deu nenhuma opinião a respeito do documento.

Um dos advogados de Jair Bolsonaro (PL), Paulo Cunha Bueno, declarou que o ex-presidente só teria recebido o texto que continha a minuta em 2023, ou seja, quando já não estava no governo.

Essas são as lacunas em torno dos depoimentos que precisavam ser esclarecidas no depoimento de Mauro Cid.

Esclarecimento

As declarações de Mauro Cid são consideradas peças-chave e o objetivo é cruzar as informações com o que foi dito por outros investigados. Por isso, o militar respondeu, por exemplo, à polícia se o texto discutido com os comandantes militares é de fato o mesmo que foi encontrado na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça. Se for o mesmo, não é verdade que Bolsonaro só o viu depois do pleito de 2022. Por ocorrer em sigilo, as informações sobre o depoimento de Mauro Cid ainda não foram divulgadas.

O ex-ajudante de Ordens respondeu também questionamentos em torno da reunião, que ocorreu em julho de 2022 e contou com a presença dos ministros do antigo governo. No encontro, o ex-presidente discutiu, com 33 autoridades do seu governo, a possibilidade de intervenção para evitar a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.

A gravação da reunião foi obtida pela PF após acesso ao serviço de armazenamento na nuvem do computador de Mauro Cid. Apesar disso, o militar alega que não estava presente e nem sabia que tal conferência teria ocorrido.

Depoimento

Antes mesmo da oitiva de Mauro Cid, seu advogado, Cezar Bitencourt, garantiu que o ex-ajudante de Ordens iria falar tudo o que ele souber. Até o rechamento desta edição, o ex-ajudante de Ordens ainda estava depondo, e havia uma possibilidade mesmo de o depoimento seguir nesta terça (12).

"O delegado que conduz o caso é quem sabe as perguntas que vai fazer. De minha parte, o que posso garantir é que tudo o que o Cid souber, tudo o que ele tiver conhecimento, o que conseguir explicar, ele vai fazer. Ele vai falar", garantiu Cezar Bitencourt.

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