Planalto pode retaliar quem assinou impeachment contra Lula

Lista com os nomes dos apoiadores foi enviada ao Palácio do Planalto

Por Gabriela Gallo

Presidente da Câmara, Arthur Lira não deverá avançar pedido de impeachment

Os líderes da Câmara dos Deputados, juntamente com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), se reuniram na terça-feira (27), para discutirem as próximas pautas que serão levadas ao plenário. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também foi convidado, porém ele não pôde comparecer pois contraiu covid-19. Ao final da reunião, os parlamentares definiram o que levarão à votação, em especial medidas a serem votadas em regime de urgência.

Impeachment

Dentre os tópicos discutidos no encontro, comentou-se o pedido de impeachment contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em decorrência das suas declarações sobre a guerra no Oriente Médio. O documento foi elaborado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) e protocolado com 139 assinaturas, inclusive com deputados que compõem a base governista. O presidente Arthur Lira ainda não se manifestou sobre o pedido, mas a expectativa é que ele não leve adiante.

Após a reunião, foi encaminhada ao Palácio do Planalto a lista com o nome dos parlamentares filiados a partidos da base que assinaram o pedido de impeachment. A informação foi confirmada pelo líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE). Especula-se, então, que o governo possa vir a retaliar esses parlamentares na liberação de emendas e cargos.

“Formou-se um consenso entre nós de que é incompatível o parlamentar ser da base do governo, ter relação com o governo e assinar pedido de impeachment. Isso não é razoável e a minha posição é encaminhar a lista desses parlamentares para que o governo tome providências”, escreveu o parlamentar por meio de suas redes sociais.

O documento protocolado pela oposição pede a cassação de Lula, após o presidente - que é um duro crítico à atuação militar de Israel na guerra contra o Hamas – comparar os ataques de Israel na Faixa de Gaza com o holocausto. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus”, declarou o presidente brasileiro durante sua viagem à Etiópia.

Comissões

Outra temática discutida na Câmara se refere às comissões da Casa. A expectativa é que Arthur Lira defina o comando das comissões ainda nesta semana. Os comandos das comissões são distribuídos pelos partidos de forma proporcional ao tamanho das bancadas.

Pelo regimento interno, o Partido Liberal, a maior bancada do Congresso, tem direito a decidir primeiro o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas isso não impede as demais siglas de tentarem candidaturas avulsas. Atualmente, a CCJ está sob o comando do Partido dos Trabalhadores, por um acordo entre os partidos para que o PL comandasse a Comissão Mista de Orçamento (CMO).

Neste ano, o governo federal tenta ampliar sua presença nas comissões temáticas da Casa Baixa. Os alvos do governo são a CCJ, a CMO e a Comissão de Fiscalização Financeira.

Os partidos disputam as lideranças das bancadas com um orçamento total de R$ 11 bilhões, previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Os maiores orçamentos são voltados para as comissões de Saúde (R$ 4,5 bilhões), Integração Nacional e Desenvolvimento Regional (R$ 1,2 bilhões), Esporte (R$ 650 milhões), Agricultura (R$ 356 milhões) e Meio Ambiente (R$ 200 milhões).