Por: Gabriela Gallo

Em reunião do G20, Haddad defende taxação mínima global de bilionários

Lula e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, na Caricom | Foto: Ricardo Stuckert / PR

A quarta-feira (28) foi um dia de compromissos internacionais para o governo brasileiro. Diagnosticado com covid-19, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou remotamente da 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais da Trilha de Finanças do G20. O Brasil irá presidir todas as reuniões do G20 ao longo de 2024. Fora do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para a Guiana para participar da Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom).

Durante a reunião do G20, Haddad propôs uma taxação global mínima de bilionários em todo mundo. O Congresso Nacional aprovou, em 2023, a taxação dos chamados “super-ricos”, mas ele considera que o debate precisa ser ampliado a nível global.

“Reconhecendo os avanços obtidos na última década, precisamos fazer com que os bilionários do mundo paguem a sua justa contribuição em impostos. Além de buscar avançar nas negociações em andamento na OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] e ONU [Organização das Nações Unidas], acreditamos que uma tributação mínima global sobre a riqueza poderá constituir um terceiro pilar da cooperação tributária internacional”, defendeu o ministro.

Tanto o discurso do ministro da Fazenda quanto o do presidente da República do Brasil tiveram dois temas centrais: insegurança alimentar - ou seja, quando as pessoas não têm certeza se terão condições de realizarem todas as suas refeições necessárias - e as mudanças climáticas. E, no G20, Haddad reforçou que os dois temas estão interligados.

“O Brasil vê o debate sobre a dívida global e a sustentabilidade ambiental e social como profundamente interligados. O endividamento crônico deve ser enfrentado para que os países tenham espaço fiscal para fazer investimentos necessários para a transição energética, combatam a fome e a pobreza e atinjam seus próprios objetivos”, reiterou Haddad.

Caricom

Na quarta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou como convidado da 46ª Cúpula de Chefes de Governo da Comunidade do Caribe (Caricom), em Georgetown, capital da Guiana. Nesta quinta-feira (29), ele segue para Kingstown, capital de São Vicente e Granadinas. Na sexta-feira (01), Lula participará da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

O Caricom acontece em meio ao conflito entre Venezuela e a Guiana pela disputa por Essequibo, território rico em petróleo que corresponde a dois terços da Guiana. Durante o evento, o presidente brasileiro defendeu que é papel da Caricom lutar para tentar preservar a paz no território. “Temos o desafio de manter nossa autonomia em meio à rivalidade geopolítica. Cabe a nós manter a região como zona de paz”, declarou Lula.

Além disso, Lula destacou a necessidade de uma integração regional entre o Brasil e os países que englobam a região do Caribe. “O Brasil voltou a olhar para seu entorno, ciente de que somente juntos lograremos uma inserção internacional robusta”, ele afirmou durante o evento.

E, para melhorar a integração entre os países, Lula apresentou o projeto de abertura de estradas e outras formas de ligação aérea, fluvial e marítima com os países da região, desenvolvido pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

"Nosso maior obstáculo é a falta de conexões. Uma das rotas de integração e desenvolvimento prioritárias para meu governo é a do Escudo Guianense, que abrange a Guiana, o Suriname e a Venezuela. Queremos, literalmente, pavimentar nosso caminho até o Caribe. Abriremos corredores capazes de suprir as demandas de abastecimento e fortalecer a segurança alimentar da região", disse.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.