Por Marcelo Perillier
"Amor, palavra que se prega, já dizia o Profeta". Se o mundo seguisse os versos que José Datrino escreveu nas pilastras do antigo viaduto do Gasômetro, talvez a convivência poderia ter melhor para todos. Porém, como "apagaram tudo, pintaram tudo de cinza, só ficou no muro tristeza e tinta fresca", as palavras foram ao vento. Só que uma homenagem foi feita a este homem, com suas ideias sendo timbradas na maior obra de transporte já feita pela Prefeitura do Rio nos últimos tempos: o Terminal Intermodal Gentileza.
Inaugurado no último fim de semana, o equipamento ligará o BRT Transbrasil com o sistema VLT e 14 linhas de ônibus. Durante o evento, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, lembrou dos versos de Gentileza para dizer que é dever da população manter o local em perfeito estado de funcionamento.
"Cuidem um dos outros, sejam gentis, combatam o vandalismo e o ódio. Nada aqui é meu ou da prefeitura. É de vocês. O amor se esconde nas coisas pequenas. Viva a Gentileza!", disse Paes.
O prefeito também fez um breve resumo sobre a obra, que demorou mais tempo do que o necessário para ser construída, por falta de planejamento da gestão municipal anterior, segundo Paes.
"O que estamos fazendo aqui é inauguração o coração do transporte do Rio. Estamos na entrada do centro do rio e da metrópole, com todos os modais de transporte se encontrando, para mudar a vida das pessoas. Esse local começou a ser construído lá atrás, em 2013. Ficamos quatro anos com essa obra parada", afirmou, ressaltando que empreendimentos como esses mudam a vida das pessoas:
"O que precisamos entender é como governos mudam a vida das pessoas. Eu me lembro, na minha primeira campanha para prefeito, que meu segurança disse que conseguia ver o William Bonner, pois nunca chegava em casa a tempo de assistir o "Jornal Nacional". Com o BRT, reduziu o tempo de deslocamento entre o trabalho e a casa dele, conseguindo ficar mais tempo com a mulher e a família", finalizou Paes.
Ministro das Cidades, Jader Filho lembrou que a obra é um exemplo daquilo que a atual gestão federal prega: melhorias na infraestrutura dos estados e municípios.
"Isso é um exemplo do que tem recomendado quanto ao pacto federativo, de trabalhar junto com estados e municípios. Nós demos celeridade para os recursos serem aplicados. Em vez do povo ficar preso no trânsito, precisam ficar em casa e fazer o que em querem. Essa obra demorou 11 anos para ser criada, mas esse projeto e obras como essa vão voltar a acontecer', salientou Jader.
Já o presidente Lula fez questão de dizer que o "país" têm uma dívida com o Rio de Janeiro e que a cidade é o cartão postal para o mundo.
"O Brasil tem uma dívida com o Rio, porque foi a capital do império e da república, até JK mandar a capital para o Centro-Oeste, mas com essas mudanças, o Rio foi perdendo investimento e história. O Rio precisa ser cuidado direito, pois é um cartão postal do país. Quando melhor estiver o Rio, melhor estará o país", disse Lula.
Estiveram presentes na cerimônia outros ministros de Estado, além de vários deputados, vereadores e secretários municipais.
O Terminal Gentileza possui dois andares. O térreo é dedicado à chegada de todos os modais. Na parte superior, estão bilheterias, banheiros, 80 lojas e a sala de espera para o serviço especial Terminal Gentileza/Aeroporto Internacional do Galeão. O terminal é totalmente acessível. São três passarelas (Rodoviária, Rua São Cristóvão e Avenida Brasil) e mais um acesso pela Avenida Francisco Bicalho. A estimativa do terminal é atender cerca de 150 mil pessoas por dia.
As obras foram feitas em uma área de 77 mil metros quadrados que a gestão municipal comprou da Caixa por R$ 40,8 milhões. O investimento na construção foi próximo de R$ 300 milhões pela Parceria Público Privada do VLT do Centro, sendo R$ 257,8 milhões financiados pelo Banco do Brasil para a reestruturação do sistema do BRT.
