Por: Gabriela Gallo

Às vésperas de ato na Paulista, Bolsonaro é intimado a depor na PF 

Defesa tentou adiar depoimento de Bolsonaro | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

A semana não começou com boas notícias para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta segunda-feira (19), ele foi intimado pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimento às autoridades, nesta quinta-feira (22). O depoimento se refere a operação Tempus Veritatis, que investiga uma organização criminosa que armou uma tentativa de golpe de Estado após a vitória de Lula (PT) nas eleições de 2022. Alvo da operação, aprovada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Bolsonaro teve o passaporte confiscado e está proibido de se comunicar com outros investigados.

A defesa do ex-presidente solicitou ao STF que a oitiva do seja adiada, alegando que não tiveram acesso aos autos do processo. De acordo com a defesa do ex-presidente, Jair Bolsonaro “opta por não prestar depoimento ou fornecer declarações adicionais até que seja garantido o acesso à integralidade das mídias dos aparelhos celulares apreendidos, sem abrir mão, por óbvio, de ser ouvido em momento posterior e oportuno”.

No entanto, Alexandre de Moraes negou o pedido. Em um documento assinado nesta segunda, o ministro afirma que a defesa de Bolsonaro teve “integral acesso aos autos do processo". Ele ainda reforçou que não cabe ao acusado "escolher a data e horário de seu interrogatório".

Bolsonaro é alvo da operação após os agentes policiais encontrarem um vídeo em uma reunião dele com seus ministros, em julho de 2022, na qual eles discutem estratégias para evitar uma derrota nas eleições. Na gravação, Bolsonaro prevê que poderia perder a disputa presidencial e pede para os ministros acionarem "o plano B".

O vídeo foi encontrado em um computador do ex-braço direito de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A defesa de Bolsonaro solicitou ao Supremo a delação completa de Mauro Cid, porém Moraes disse que o STF tem o entendimento de que, "antes do recebimento da denúncia, não configura cerceamento de defesa a negativa de acesso a termos da colaboração premiada referente a investigações em curso".

Ato

O depoimento de Bolsonaro à PF está marcado para acontecer às vésperas do ato convocado pelo ex-presidente, neste domingo (25) na Avenida Paulista (SP), o que vem causando preocupação aos envolvidos. Nesta segunda-feira, o advogado Jeffrey Chiquini - que defendeu o ex- BBB Diego Alemão - encaminhou um habeas corpus à Suprema Corte para tentar garantir que Bolsonaro possa comparecer ao ato na Avenida Paulista. O advogado pede que a presença e os pronunciamentos do ex-presidente no ato sejam garantidos e reconhecidos como exercício constitucional da manifestação do pensamento e direito legítimo de reunião. As informações são do jornal O Globo.

A medida foi realizada para evitar que Bolsonaro tenha a liberdade cerceada com o depoimento. Ao divulgar o encontro com apoiadores, Bolsonaro reforça que o ato tem o objetivo dele esclarecer sobre as acusações que vem enfrentando em decorrência da operação da PF.

Na segunda-feira (19), ele divulgou um vídeo em suas redes sociais alertando seus apoiadores para que não transfiram dinheiro para custear o ato, que será financiado exclusivamente pelo pastor Silas Malafaia. O aviso é para alertar que seus apoiadores caiam em golpes financeiros.

Além disso, após falas polêmicas do presidente Lula (PT) quanto à guerra entre Israel e o Hamas, neste domingo (18), Fabio Wajngarten sugeriu ao ex-presidente que ele convide o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para o ato do dia 25. Em sua declaração, Lula – que já vinha manifestando duras críticas à atuação de Israel contra a Faixa de Gaza, especialmente contra os civis – comparou as mortes em Gaza com o Holocausto.

"O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus", declarou Lula. A fala foi alvo de polêmica e duras críticas nacionais e internacionais contra o petista.

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