Por: Gabriela Gallo

No Egito, Lula anuncia recursos para refugiados de Gaza

Lula na reunião com o presidente do Egito, Abdel Fatah El-Sisi | Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Lula segue sua viagem pela África. Na quinta-feira (15), Lula participou de reuniões no Cairo, capital do Egito, com o presidente do país, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi. No mesmo dia o brasileiro seguiu para Adis Abeba, capital da Etiópia, onde se encontra com a presidente do país, Sahle-Work Zewde, e o Primeiro-Ministro, Abiy Ahmed. Na Etiópia, o presidente participa como convidado da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, que acontece no sábado (17) e domingo (18). A expectativa é que, durante o evento, o brasileiro avance nas negociações para criar uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. A União Africana, formada por 55 países, passou a integrar o G20, grupo que o Brasil preside até dezembro.

Essas foram as primeiras viagens internacionais do presidente em 2024 e têm como objetivo ampliar as relações com os países africanos. No ano passado, o presidente visitou São Tomé e Príncipe, Angola e a África do Sul. Na avaliação do cientista político Kleber Carrilho, as viagens de Lula são uma boa oportunidade para firmar acordos econômicos e as relações entre os países. Vale destacar que Egito e Etiópia estão entre os cinco países que confirmaram entrada no Brics (o grupo originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) este ano.

“Os países que colonizaram a África têm deixado de ter uma grande relevância para a África, como a França, e há uma nova influência no continente, principalmente vindo de Rússia, China e o Brasil”, disse Carrilho ao Correio da Manhã.

Assim que desembarcou na Etiópia, Lula teve o primeiro encontro com o ministro das Relações Exteriores do país, Taye Atsekeselass. Na conversa ele defendeu o fim da pobreza. “Quando você investe no pobre, você está investindo na possibilidade de consumo, de geração de emprego, do crescimento industrial. E quando o povo pobre está no orçamento do país e ele começa a virar cidadão de primeira categoria, a economia começa a crescer”, defendeu Lula.

Refugiados

No Egito, Lula participou do Conselho de Representantes da Liga dos Estados Árabes, nesta quinta-feira. Ele defendeu o fim da guerra entre Israel e a Faixa de Gaza, além de criticar a atuação dos israelenses na condução do conflito. O presidente ainda destacou que o Brasil fará novos aportes de recursos para a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Médio (UNRWA).

“O ataque do Hamas em 7 de outubro contra os civis israelenses é indefensável. Mas a reação desproporcional e indiscriminada de Israel é inadmissível e constitui um dos mais trágicos episódios deste longo conflito. As perdas humanas e materiais são irreparáveis, não podemos banalizar a morte de civis como um mero dano colateral. No momento em que o povo palestino mais precisa de apoio, os países ricos decidem cortar a ajuda humanitária, a agência da ONU para os Refugiados Palestinos. As recentes denúncias contra o funcionário da agência precisam ser devidamente investigadas, mas não podem paralisá-las”, destacou Lula.

A crítica de Lula se refere aos países que suspenderam doações para a UNRWA após denúncias de Israel. Em janeiro deste ano, o país denunciou 12 funcionários da agência, acusando-os de estarem envolvidos nos ataques do Hamas que deram origem à guerra. A agência demitiu nove dos 12 denunciados e iniciou um processo de investigação que deve ser concluído em março. No entanto, mais de 15 países anunciaram que vão suspender ou revisar as doações para a agência, dentre eles, Estados Unidos, Alemanha, União Europeia, Japão, França, Suíça, Canadá, Reino Unido, dentre outros.

Questionado pela reportagem, Kleber Carrilho afirmou que as críticas de Lula não devem causar um impacto para o presidente brasileiro. “As críticas às ações do governo israelense na faixa de Gaza já são uma crítica mundial. O presidente Lula criticou em um momento em que ninguém estava criticando ainda, ou grande parte do mundo ocidental não estava criticando. Então, não vejo a possibilidade de grandes problemas com essa crítica”, disse ao Correio da Manhã.

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