Uma das avaliações de servidores brasileiros que integram um grupo de trabalho para a "arquitetura financeira internacional" do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), cuja presidência temporária está com o Brasil, é de que, para combater a fome e reduzir a desigualdade global, um dos temas prioritários do país enquanto estiver no comando do grupo, os bancos multilaterais de desenvolvimento mais precisam investir mais no tema. Eles apresentaram resultados de discussões feitas na quarta (24) e quinta (25), em Brasília.
Eles elencaram ainda que são prioridades também tornar a rede de segurança financeira global mais representativa e resiliente, tratar as questões de dívidas com os países nessa situação, identificar vulnerabilidades de sistemas de pagamento e promover fluxos de capitais para os países emergentes e economias em desenvolvimento.
"A presidência brasileira prioriza combate à fome e à desigualdade, acelerar a transição energética e o desenvolvimento sustentável, e reformar as instituições de governança global. O grupo de arquitetura financeira se conecta diretamente com as prioridades da presidência", afirmou o Coordenador-Geral de Cooperação Econômica Internacional do Ministério da Fazenda, Felipe Antunes.
Ele recordou que a arquitetura financeira teve um papel muito importante depois da crise de 2008 e 2009 para ajudar a gerar consenso para a reforma de organizações financeiras internacionais.
"É um grupo que está, na verdade, conectado com a necessidade de manter a estabilidade financeira internacional, mas também de promover desenvolvimento que é sempre uma prioridade dos países do Sul global", salientou.
Antunes entende que o Brasil na presidência do G-20 pode colaborar ainda mais para avançar nessas prioridades voltadas para os povos mais necessitados. O grupo de trabalho acredita que é necessário promover uma discussão internacional mais direcionada sobre o tema. Além disso, pretende realizar outro evento, ainda neste ano, sobre dívida, com protagonismo para os países africanos.
Reformas em bancos
De acordo com a coordenadora geral para a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento no Ministério da Fazenda, Karin Vazques, o momento marca o início de uma mudança no funcionamento das instituições.
"Nós tivemos a participação de 160 representantes das capitais dos países do G-20, além de especialistas e organismos internacionais, entre eles 12 bancos multilaterais de desenvolvimento, como o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, entre outros", disse Karin.
A coordenadora explica que, para garantir que o desenvolvimento desse plano de ação continue, o Brasil introduziu duas inovações, consideradas 'ousadas': criação de sessões dedicadas a bancos multilaterais de desenvolvimento e colaboração com o grupo de presidentes dos bancos multilaterais de desenvolvimento.
Karin Vazques entende que, além do desafio em termos de recursos, as necessidades não param de aumentar.
"Existe a necessidade adicional de US$ 1,3 trilhão por ano até 2030 nos países emergentes e economias em desenvolvimento. Desse total, a grande maioria é para investimentos adicionais em ações climáticas e investimentos também para alcançar outros objetivos de desenvolvimento sustentável, entre eles em educação e saúde", exemplificou a coordenadora.