Por: Ana Paula Marques

Oposição ataca Janones por "rachadinha"

Áudio aponta para suposta rachadinha de Janones | Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Após um possível áudio vazado do deputado federal André Janones (Avante-MG), no qual ele estaria negociando com assessores a prática de “rachadinha” — cobrando parte dos salários dos funcionários para suas despesas pessoais —, a oposição disse que pretende acionar a Procuradoria-Geral da República (PGR) para apresentar denúncia.

Um desses parlamentares da oposição é o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG). Ele publicou em suas redes sociais que teve reunião com o líder do PL na Câmara dos Deputados, Altineu Côrtes (PL-RJ), para que se faça a representação contra Janones no Conselho de Ética da Casa.

O áudio foi publicado pelo jornal Metrópoles, e segundo a reportagem, ele teria sido gravado em 2019 por um ex-assessor do deputado. Nele, Janones cobra parte dos salários de seus servidores e justifica que usaria o dinheiro para pagar prejuízos da campanha de 2016, na qual ele concorria ao cargo de prefeito de Ituiutaba (MG).

No suposto áudio, o deputado fala que o “prejuízo” durante a campanha teria sido de R$ 675 mil e que “algumas pessoas” do seu núcleo de funcionários receberiam um valor maior do que o normal de salário para que esse valor retornasse para pagar os prejuízos da campanha.

Confiança

Na gravação, o deputado nega que seja corrupção, além de afirmar que as pessoas que iriam repassar o dinheiro são pessoas de confiança. “São simplesmente algumas pessoas que confio e que participaram comigo em 2016, e que acho que elas entendem que realmente o meu patrimônio foi todo dilapidado. Perdi uma casa de R$ 380 mil, um carro, uma poupança de R$ 200 mil e uma previdência de R$ 70 mil”.

Ele continua: “Eu acho justo que essas pessoas também hoje participem comigo dessa reconstrução disso. Não é segredo e não tem problema ninguém saber”.

À CNN, Cefas Luiz Paulino, ex-assessor do deputado, confirmou o caso e disse que a prática de “rachadinha” era comum no gabinete do político.

“Vários funcionários passavam o dinheiro vivo ou algumas pessoas pagavam despesas do Janones como compras de supermercado, restaurante, taxas de hospedagem em site, etc. Funcionários tinham que pagar do próprio bolso.”

Cefas Luiz afirmou que trabalhou para o deputado de 2017 a 2022. Ele disse que decidiu deixar o cargo quando o parlamentar se aliou à campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Resposta

O deputado respondeu às acusações em suas redes sociais e afirmou que nunca praticou o crime de “rachadinha”.

“Hoje saiu uma matéria, que está sendo espalhada pela extrema-direita, que me acusa de rachadinha, coisa que eu nunca fiz. Para isso, eles usaram uma gravação clandestina e criminosa, um áudio retirado de contexto e para tentar me imputar um crime que eu jamais cometi”.

Ele continua: “Aproveito para solicitar que o conteúdo criminosamente gravado seja disponibilizado na íntegra e não edições manipuladas, postadas quase simultaneamente por todas as lideranças de extrema-direita”, publicou o deputado.

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