Por: Rudolfo Lago -BSB

Aprovação de Lula cai, com mais pessimismo na economia

Cai a aprovação de Lula e de seu governo | Foto: Ricardo Stuckert/ PR

O brasileiro está menos otimista com os próximos rumos da economia, preocupado com a guerra no Oriente Médio e achando que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viaja mais ao exterior que o recomendável. Essa soma de impressões faz com que caia a aprovação quanto ao desempenho de Lula e de seu governo. E acende um sinal amarelo no Palácio do Planalto. É o que mostra nova rodada da pesquisa Genial/Quaest, que mede a percepção do brasileiro quanto aos principais temas da política e da economia.

A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 22 de outubro. Foram feitas 2 mil entrevistas em 120 municípios de todas as regiões do país, de forma presencial. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%.

Com relação à rodada anterior, de setembro, a aprovação de Lula caiu de 60% para 54%. E sua desaprovação subiu de 35% para 42%. Não sabem ou não responderam 4%. A aprovação do presidente caiu em todas as regiões do país. Mesmo no Nordeste, onde ela é sempre maior, a queda foi de 72% para 68%.

Da mesma forma, caiu a aprovação com relação ao governo como um todo. Em setembro, consideravam o governo positivo 42%. O índice caiu para 38%. A avaliação negativa subiu de 24% para 29%. E a regular manteve-se no mesmo patamar de 29%.

Caminho

A redução da aprovação reflete-se na avaliação sobre outros pontos do país. Um percentual de 49% dos entrevistados considera que o Brasil está indo na “direção errada”. Contra 43% que avaliam que está na “direção certa”. Não sabem ou não responderam 8%.

Os entrevistados avaliam que têm ouvido mais notícias negativas que positivas sobre o governo. Para 36%, as notícias são mais negativas, e para 34% mais positivas. A notícia mais positiva lembrada foi o pagamento do Bolsa-Família no valor de R$ 600 com mais R$ 150 para crianças. A mais negativa a guerra entre Israel e o grupo Hamas.

Economia

Esse quadro gera maior pessimismo com relação à economia. Nos últimos 12 meses, a avaliação sobre a situação econômica do país gera números muito equivalentes. É exatamente o mesmo o percentual dos que acham que melhorou, ficou igual ou piorou: 33%. O que chama a atenção é que em setembro eram somente 23% os que achavam que tinha pioriado. Reduziu-se o percentual dos que consideram que está igual (era 39%). E um pouco os que acham que melhorou (era 34%).

Para os próximos 12 meses, porém, a expectativa positiva diminuiu bastante. Na rodada anterior, 59% achavam que a economia iria melhorar. Esse percentual caiu agora para 50%. E o percentual de quem acha que vai piorar subiu de 22% para 28%.

Com relação à avaliação específica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, houve uma manutenção do percentual dos que a consideram positiva (26%). Mas houve um aumento dos que a avaliam negativa (de 23% para 26%).

Enchentes

Há um empate na avaliação feita sobre as ações do governo quanto às enchentes na região Sul. Para 43%, o governo agiu no tempo certo. Para 42%, demorou para oferecer ajuda. Para 47%, a ajuda foi insuficiente. Para 35%, foi adequada.

Viagens

A pesquisa revela um quadro crítico da maioria quanto à agenda de viagens internacionais de Lula, algo que já tinha sido detectado em outras pesquisas, inclusive em levantamentos do próprio governo. Para 55%, quantidade de viagens de Lula é excessiva. E 37% acham que é adequada. Na avaliação de 60%, Lula se decida “mais do que devia” a essa agenda internacional (um percentual de 27% discorda). E 49% acham que tais viagens não têm trazido bons resultados para o país (contra 40% que acham).

A pesquisa aborda ainda outros pontos. A grande maioria apoia a maneira como o governo atuou para resgatar os brasileiros que estavam na região do conflito entre Israel e o Hamas. Para 85%, foi positivo o país conversar com os países do Oriente Médio para o retorno dos brasileiros. O mesmo percentual aprova a disponibilização dos aviões para trazê-los. E 72% aprovam a postura de priorizar o resgate dos brasileiros.

Hamas

Quanto, porém, à postura de Lula no conflito, a opinião já se divide. Para 35%, a postura do presidente é positiva. Para 31%, é regular. E 23% consideram negativa.

Um percentual maior, no entanto, considera incorreto o governo brasileiro não considerar o Hamas um grupo terrorista. Essa é a opinião de 57%, contra 26% que julgam correta a classificação que o Brasil faz da facção palestina.