Por Redação
Poucos dias após o Governo do Estado, por meio do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), realizarem uma das maiores operações no combate ao tráfico de animais silvestres, Petrópolis, sedia um campeonato de canto de pássaros engaiolados. O Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais e a Comissão de Meio Ambiente da OAB se manifestaram em relação ao evento.
O evento, marcado para este domingo, dia 21 de setembro, contou com a autorização do próprio Inea. Mesmo não sendo ilegal, já que a legislação permite a criação de pássaros nativos devidamente registrados em órgãos ambientais, a prática é massivamente criticada por ambientalistas e protetores dos animais.
O presidente do Conselho Municipal de Proteção e Defesa dos Animais de Petrópolis (Comupa), Carlos Eduardo da Cunha Pereira, é um dos críticos em relação a realização do evento no município.
"Por mais incrível que possa parecer, este evento acontecerá no Parque de Exposições de Itaipava, no domingo. Nosso Conselho não foi consultado e o Comitê Gestor do Parque também não. Será que pode passar pela cabeça de alguém, em plena consciência, que este torneio é turístico? Não podemos estimular este tipo de coisa! Voar, talvez seja o maior dom que a natureza poderia ter dado aos pássaros e aí surgem defensores do seu aprisionamento pelo resto da vida numa gaiola minúscula.
A proteção animal de Petrópolis precisa ser consultada previamente quando destes eventos e, principalmente, respeitada em sua luta incansável em defesa dos animais", disse. "Já passou da hora da gente se esconder atrás do que é legal, temos que olhar para frente, temos que trabalhar pelo que é moralmente correto", acrescentou.
O presidente do Comupa fez um apelo aos moradores da cidade, para que não comparecessem ao evento.
Já a Comissão de Proteção Animal e a de Meio Ambiente da 3ª subsecção da OAB Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto, assinaram uma nota de repúdio em conjunto contra o campeonato, onde foi ressaltada, entre as questões, a de que este tipo de evento, além de representar uma afronta à dignidade animal, estimula a captura e o tráfico de animais silvestres.
"... evento que, sob a justificativa de competição e lazer, em verdade promove a privação de liberdade e o sofrimento de aves mantidas em cativeiro. A prática de criar e manter pássaros em gaiolas representa uma afronta à dignidade animal, impondo-lhes uma vida de restrição e sofrimento psicológico, com comportamentos compulsivos decorrentes da falta de espaço e da ausência de sociabilidade própria da espécie. Tal realidade fere princípios éticos de respeito à vida e ao bem-estar dos animais. Além do aspecto de crueldade, eventos desta natureza estimulam a captura e o tráfico de animais silvestres, atividade ilegal e devastadora, que coloca em risco populações inteiras de aves na natureza e compromete o equilíbrio ecológico de nossos biomas", diz um trecho da nota.
Combate ao tráfico de animais
Na última terça-feira (16 de setembro), a Operação São Francisco resgatou aproximadamente 800 animais silvestres e prendeu 47 pessoas envolvidas no esquema criminoso de tráfico de animais. A operação, considerada a maior do Brasil já registrada, contou com a participação de mil policiais e entre os mandados de busca e apreensão também constavam endereços na Região Serrana. Entre os animais resgatados estão micos, tartarugas, papagaios e demais pássaros como o trica ferro e coleiro, espécies do tipo que participam do campeonato de canto realizado em Petrópolis.
O Correio Petropolitano entrou em contato com o Inea para se manifestar sobre o assunto, mas até o fechamento desta edição, não houve resposta.