Lá veio a força, veio a magia

Por

Em uma das suas canções mais viscerais, Milton Nascimento, com letra de Fernando Brant exalta a força da negritude e sua importância suprema para a cultura brasileira. O título da canção, que está no seu álbum "Milton", de 1976, não poderia ser outro: "Raça".

Ao evocar o "canto, o berro de fera" ou "a voz de qualquer primavera", Milton manda chamar diversos ícones da cultura brasileira para a sua canção: Clementina de Jesus, Monsueto, Grande Otelo, Naná Vasconcelos... "É um lamento, um canto mais puro, que ilumina a casa escura".

Os três dias de Festival da Consciência Negra na Arena Dona Lydia no Museu da República fizeram evocar forte na Esplanada dos Ministérios a mesma força da "raça" da canção de Milton Nascimento. Pelos cálculos da Secretaria de Cultura, mais de 100 mil pessoas passaram pelo festival entre quinta-feira (20) e sábado (22).

Diversos artistas negros participaram da festa. Produtos de referência afro eram vendidos nos estandes. A "raça" pulsava na animação do público.

Alegria e esperança resumidos no título dado ao festival este ano: "Raízes que conectam o futuro". Porque é isso que deseja o país. Um futuro sem intolerância. Sem preconceito. No qual todas as raízes se conectem em torno de uma única solução. De um único caminho. De "força", de "magia". Que sempre nos "incendeie o corpo de alegria".