A epidemia do vício e sua cura
O avanço vertiginoso das apostas eletrônicas, as chamadas bets — deixou de ser apenas um novo entretenimento digital para se tornar um problema de saúde pública no Brasil. A facilidade de acesso, a propaganda agressiva e a promessa de ganhos rápidos têm empurrado milhares de brasileiros para um ciclo de endividamento, frustração e adoecimento.
Agora, com iniciativas conjuntas dos ministérios da Saúde e da Fazenda, o país finalmente dá passos concretos para enfrentar essa epidemia silenciosa. Mas ainda é preciso mais atenção, mais responsabilidade e mais firmeza das autoridades.
Os números falam por si: perdas econômicas e sociais estimadas em R$ 38,8 bilhões por ano; milhares de atendimentos no SUS por vício ou compulsão em jogos; jovens, homens, negros e vulneráveis compondo o perfil majoritário das vítimas. Trata-se de um fenômeno que não pode ser subestimado e que demanda, urgentemente, políticas públicas robustas, articuladas e de longo prazo.
A criação de uma plataforma de autoexclusão, que permitirá ao jogador solicitar o bloqueio de sua própria participação nos sites de apostas, é um avanço inegável. Assim como o novo Observatório Brasil Saúde e Apostas Eletrônicas, que integrará dados e permitirá identificar padrões de risco, oferecendo apoio direto por meio do SUS.
É a tecnologia sendo usada, finalmente, para proteger, e não para capturar, cidadãos vulneráveis.
Também é bem-vinda a Linha de Cuidado para Pessoas com Problemas Relacionados a Jogos de Apostas, que orienta profissionais e abre caminho para atendimentos presenciais e online.
