A luta contra o crime continua no Rio

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A recém-lançada Operação Barricada Zero no Rio de Janeiro representa um movimento corajoso e necessário do poder público contra o domínio territorial imposto pelo crime organizado. As primeiras ações, coordenadas em diversas comunidades da Região Metropolitana (como Cidade de Deus, São Gonçalo e Baixada Fluminense), com a remoção de mais de 200 toneladas de entulho e estruturas de concreto no dia inicial, são um forte sinal do Estado de que o direito de ir e vir da população não será mais negociável.

O bloqueio de vias por barricadas não é apenas um problema de logística; é a manifestação física de um poder paralelo que restringe a vida de milhares de moradores, impede a entrada de serviços essenciais (como ambulâncias e correios) e serve como marco de exploração de territórios. Neste sentido, a iniciativa é louvável por reconhecer a gravidade do problema e empregar inteligência e engenharia, com uso de retroescavadeiras e rompedores, para enfrentar as "obras de engenharia" do crime.

A Operação Barricada Zero acerta ao integrar diversos órgãos do governo e ao prometer ações diárias. No entanto, para que esta não seja mais uma ofensiva midiática de efeito passageiro, é crucial que a força policial seja seguida de políticas públicas permanentes que resgatem o território e a cidadania dos moradores. O sucesso real não será medido pelo peso das toneladas de entulho removidas, mas sim pela liberdade duradoura do cidadão em transitar em sua própria rua.

Sem a ocupação social e o restabelecimento da infraestrutura urbana (iluminação, poda, limpeza) de forma contínua, o vácuo deixado pela polícia tende a ser preenchido rapidamente pelo crime, transformando a ação em um ciclo de "remoção-reinstalação" custoso e ineficaz a longo prazo.