Infelizmente a guerra não acaba

Por Paulo César de Oliveira*

Olhando as notícias e comparando com a realidade dos fatos, fica a impressão de que os chamados líderes mundiais só falam em terminar com as guerras para alimentarem as manchetes dos veículos de comunicação.

Trump e Putin se reuniram para dizer, com toda "pompa e circunstância" tinham fechado um acordo de paz para finalizar a guerra Rússia/Ucrânia e que em poucos dias o conflito terminaria. Não tinham combinado nada com Zelensky e a guerra continua, cada dia mais sangrenta, com perdas de lado a lado, com risco de envolver outros países. As tensões entre a Rússia e a Ucrânia são históricas.

Os dois países compartilham diversos laços históricos, políticos e culturais e já fizeram parte de uma mesma nação, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que se fragmentou em diversas repúblicas no final do século passado, entre elas a Rússia e a Ucrânia. Com a independência, no ano de 1991, de forma pacífica, a Ucrânia iniciou um período de aproximação com as potências ocidentais.

Ao longo das últimas três décadas o país tem feito tentativas de aproximação com órgãos ultranacionais ocidentais, como a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), irritando os russos que, alegando necessidade de se proteger, iniciaram a guerra que agora não sabem como por fim, embora diariamente haja declarações de negociações.

Não é diferente a situação em Gaza. Um conflito Israel sustenta há décadas, mas que tem raízes milenares. Nesta guerra há muitos, muitos mesmos, interesses em jogo e nenhuma disposição sincera de acordo. Para Israel, ou para Netanyahu, o acordo possível é a derrota do Hamas e a expulsão dos palestinos do cobiçado território de Gaza.

Outro acordo parece não interessar a ele e aos seus aliados, entre ele Donald Trump, que pressiona o Hamas com um discurso até mais radical. Fala em destruição. Fala bem mais, em verdade, num acordo, idealizado por ele e imposto aos palestinos, com o aval de Israel.

Trump age como pacificador nas duas frentes de guerra. Fora das manchetes não parece tão preocupado com a paz que, se vier, pode lhe render um Prêmio Nobel da Paz, um desejo que não esconde. Se não vier, pode render alguma coisa também. O quê? Só o tempo dirá.

*Jornalista e diretor-geral da revista Viver Brasil