O dever de se antecipar aos desafios

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No mês em que o país se veste de rosa para chamar atenção ao câncer de mama, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) lança um alerta que precisa ser mais do que simbólico. O relatório Controle de câncer de mama no Brasil: dados e números 2025, divulgado na última sexta-feira (3), revela não apenas os avanços, mas também os profundos desafios que a saúde brasileira ainda precisa enfrentar e, sobretudo, antecipar, para proteger as mulheres do país.

Estima-se que, só em 2025, o Brasil registre mais de 73 mil novos casos de câncer de mama, mantendo-se como o tipo de câncer que mais mata mulheres no território nacional. Os números de 2023 são igualmente alarmantes: mais de 20 mil mortes foram registradas. Esses dados não podem ser vistos como uma fatalidade inescapável, mas como um reflexo direto de falhas estruturais em prevenção, rastreamento e acesso ao tratamento.

A boa notícia é que a mortalidade entre mulheres de 40 a 49 anos vem diminuindo, sinal de que, quando há diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível mudar destinos. No entanto, esse avanço ainda é desigual. Enquanto o Sul do país se destaca pela agilidade no início do tratamento, com maior percentual de casos tratados em até 60 dias, regiões como o Norte enfrentam uma dura realidade: cobertura de rastreamento abaixo de 6% em alguns estados, quando o ideal seria atingir ao menos 70%.

Essa discrepância escancara o quanto o sistema de saúde brasileiro precisa evoluir no sentido da prevenção organizada e acessível. A detecção precoce não é um luxo, é uma estratégia vital. E como lembrou o diretor do Departamento de Atenção ao Câncer do Ministério da Saúde, José Barreto: "o tempo é vida no câncer".