As identidades políticas do Brasil
Em termos da nova versão de "Vale Tudo", resgatar os versos de Cazuza do brilhante refrão de "Brasil" é uma constatação de que nosso país ainda não mudou o jeito político de ser.
Se nos idos dos anos de 1980 Cazuza escreveu uma letra para retatrar o Brasil dequele tempo, mal sabia ele que ela seria atemporal e poderia muito bem representar o país anos depois.
Em 2018 um fenômeno eleitoral chamado Jair Bolsonaro rompeu a barreira das disputas entre PT e PSDB e venceu as eleições. Triunfaria aí não apenas um novo modelo de governo, como também o retorno do conservadorismo ao comando do país.
Em 2022, na possibilidade de uma eleição, o Brasil deu sinais de que poderia mostrar uma identidade, uma cara, como bem descreve a música. Todavia, o que vimos fora uma polarização entre direita e esquerda. Ou melhor, entre conservadorismo e progressismo. Porém, um espírito patriótico reinou nas ruas e as camisas que só se viam de quatro em quatro anos, com os jogos da Seleção Brasileira de futebol, principalmente, voltaram a aparecer.
Engana-se, contudo, quem acha que o Brasil criou uma identidade. Pior, dividiu-se. Criou foi uma verdadeira sina de protestos e críticas de ambos os lados, com cada qual dizendo o que tinha de bom. O debate ficou acalorado e o resultado foi um governo progressita com um congresso conservador.
Se a nova versão de "Vale Tudo" tem profundas modificações em relação à primeira, o mesmo pode-se dizer do modelo PT de governar. Por mais que tenha tentado se enquadrar ao modelo mais conservador, não conseguiu, fazendo com que a barganha do Congresso fosse alta demais para conseguir cumprir sua agenda e cronograma.
Até 2026 muita coisa pode mudar, mas o final dessa história terá vários enredos até o clique das urnas. E assim continua o Brasil, sem cara, sem identidade e num paralelismo eterno de disputa, sem criar uma continuidade de poder.