Por:

Inquilino indesejado e persistente

Se há algo que o Brasil não consegue se livrar nos últimos anos é da presença indesejada do vírus da chikungunya. Desde que os primeiros casos foram identificados em 2014, essa doença viral, transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, parece ter encontrado na sociedade brasileira um terreno fértil para se espalhar. Passados mais de dez anos desde a chegada desse inimigo invisível, os números ainda são alarmantes e as dificuldades para erradicar o problema parecem longe de ser superadas.

Para que se tenha uma ideia da dimensão do problema, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) emitiu, recentemente, um alerta sobre o avanço da chikungunya na América Latina, com destaque para o Brasil, que já contabiliza mais de 120 mil casos e 113 mortes em 2025, até setembro. O Nordeste brasileiro, onde a doença surgiu, continua sendo o epicentro, mas a chikungunya já está espalhada por todas as regiões do país, fazendo com que o número de surtos e epidemias seja constante.

A notícia sobre a vacina contra a chikungunya, desenvolvida pelo Instituto Butantan, trouxe uma luz de esperança. A vacina, que passou a ser aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2025, poderia representar um avanço significativo. No entanto, o fato de a Food and Drug Administration (FDA) ter suspendido sua licença nos Estados Unidos, após relatos de efeitos adversos graves, como encefalite, levanta questões sobre a segurança do imunizante. A possibilidade de que a Anvisa reavalie sua aprovação faz com que muitos brasileiros fiquem em compasso de espera, sem saber se realmente poderão contar com essa vacina para combater o vírus.