Um xadrez entre Rússia, Ucrânia e EUA

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Os resquícios da Guerra Fria estão tão nebulosos quantos as fumaças dos canhões. Se a cada bomba atirada lembra traumas de um período nervoso, muitos podem lembrar da cortina de ferro criada para separar o mundo ocidental do oriental. A Guerra da Ucrânia tem muitas coisas nas entrelinhas, mas, a principal delas é a Rússia se impor em não perder poder numa área da Europa que sempre manteve controle e não quer ficar sem ele.

Um passo da Ucrânia rumo à Otan fez Putin arregaçar as mangas e por o exército para a rua, rumo às áreas fronteiriças entre os dois países. Depois de anos de batalhas, hoje parece ter um termômetro de indefinição sobre quem será o vencedor deste conflito. Ou melhor, como ele será resolvido.

Se com Biden Zelenski tinha o apoio da massa norte-americana, com Trump arrefeceu-se esta ajuda militar. E o que o Republicano, como fez no seu primeiro mandato, quer fazer as coisas na base do diálogo, mas tendendo para o lado do qual mais se identifica ou tem familiralidade política.

As reuniões no Alasca com Putin e na Casa Branca com Zelenski e comitiva europeia definem bem em qual lado o norte-americano está no conflito, mas, mesmo assim, ele quer resolver isso rápido. Se conseguiur, ganha um Nobel da Paz?

Putin não quer apenas as áreas da Ucrânia que já domina desde o início da guerra pela miscigenação entre russos e ucranianos. A situação vai também pelo poder econômico.

Ricas em ninérios e com grande atrativos industriais, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk deixarão a Rússia mais poderosa economicamente e com grande poder de energia para vender à Europa. Já Crimeia e Kherson são estratégicas, pois são rotas de navegação com o Mar Negro, além da Crimeia ser rica em petróleo e gás natural.

Zelenski está reticente com essa condição russa e baté o pé, mas, para por o fim ao conflito, deverá acabar cedendo as condições de Putin ou fazer aquilo que o ex-KGB deseja: a Ucrânia não se aliar à Otan e ficar sendo a fronteira da antiga URSS com a Europa Ocidental.

As peças estão no tabuleiro e os jogadores estão as mexendo. De um lado ou de outro neste xadrez, resta saber quem dará o xeque-mate e sairá do conflito vencedor. Mas não no campo de batalha, e sim no diplomático, como a boa Guerra Fria exigia, o terror ideológico e psicológico entre seus membros.