A distorção do crime não compensa
Quem foi criança na década de 1960 certamente ouviu Batman dizer várias vezes, ao final dos seus seriados que "o crime não compensa".
Da mesma forma, na sua labuta mascarada para combater o crime em Gothan City, Batman diria que "a distorção de dados sobre o crime também não compensa". Afinal de contas, pobre Batman! Combate o crime e, depois, um desavisado presidente dos Estados Unidos usa informações defasadas e distorcidas para diminuir o seu empenho!
Se Batman fosse de Brasília, provavelmente essa seria a sua reação ao ouvir Donald Trump valer-se desses dados errados para falar da criminalidade na capital do país. Embora Trump tenha dito que a criminalidade em Brasília é menor que em Washington, ele usou a cidade como exemplo de lugar violento com o qual a capital dos Estados Unidos não deveria querer se comparar.
O senhor de tez alaranjada que comanda a principal nação do Hemisfério Norte disse que em Brasília acontecem 13 homicídios a cada 100 mil habitantes. Na verdade, o número é quase a metade menor do que esse mencionado por Trump. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, são 6,9 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.
Veicular informações exageradas e distorcidas sobre o que quer que seja não é nunca boa tarefa. Sobre segurança pública, então, o problema é mais grave. Porque gera pânico desnecessário. Pode fazer com que visitantes estrangeiros desistam de visitar a capital do Brasil por imaginá-la mais violenta do que realmente é.
Bem, Brasília teve há dois anos, em janeiro, um grave problema de violência, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e depredadas. Mas aqui está havendo julgamento e punição. Problema parecido houve antes em Washington, inclusive com seis mortes. Mas lá Trump indultou os culpados...