Incluir para aproveitar todos os potenciais

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No último dia 6 de julho, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência completou uma década de existência. Muito além de um marco jurídico, a LBI representa uma mudança de paradigma: de um modelo assistencialista para um modelo baseado em direitos humanos e na dignidade da pessoa com deficiência. No entanto, ainda estamos longe de concretizar plenamente o que essa lei propõe.

A LBI não se limita a garantir vagas ou benefícios; ela exige que a sociedade, especialmente o mercado de trabalho, se reorganize para incluir. Ao estabelecer o dever de oferecer acessibilidade, promover adaptações razoáveis e combater a discriminação com rigor legal, a lei abre caminho para que todas as pessoas possam contribuir com seu máximo potencial. É disso que se trata a verdadeira inclusão: não um gesto de caridade, mas uma escolha racional e justa de aproveitar as capacidades diversas que compõem a nossa população.

Esse modelo reconhece que a deficiência não está apenas no corpo ou na mente, mas nas barreiras sociais, físicas e atitudinais que impedem a plena participação de alguém na sociedade. Trata-se de uma visão moderna, que desafia a lógica do capacitismo, a ideia preconceituosa de que a deficiência representa uma limitação intransponível.

Ao exigir mudanças estruturais no ambiente de trabalho, como a presença de tecnologias assistivas e profissionais de apoio, a LBI nos lembra que a inclusão não é espontânea nem opcional. Ela precisa ser construída ativamente, com políticas públicas sérias, fiscalização efetiva e, sobretudo, mudança cultural.

Incluir não é um favor: é uma decisão estratégica e ética. É hora de deixar de ver a inclusão como um custo e compreendê-la como um investimento.