No Rio, cultura se une a sustentabilidade

Por

Há quase cinco décadas, Brasília vivia um período de intensa expansão. No começo dos anos 1970, identificou-se a necessidade de áreas destinadas ao lazer, esporte e convivência. Nesse contexto, o então governador Elmo Serejo Farias determinou a criação de um parque na Asa Sul. O objetivo ia além do entretenimento, servindo também para amenizar o clima seco e quente do Cerrado. Assim, foi inaugurado, em 11 de outubro de 1978, o Parque da Cidade. O projeto urbanístico ficou a cargo de Lucio Costa, com construções assinadas por Oscar Niemeyer e Glauco Campelo, azulejos de Athos Bulcão e paisagismo desenvolvido por Burle Marx.

Grande parte da população do Distrito Federal e do entorno de Goiás guarda lembranças ligadas ao Parque da Cidade. Na infância, muitos se impressionavam com o escorregador em forma de foguete no Parque Ana Lídia, para, anos depois, perceberem que o brinquedo não tinha a altura que a memória insistia em preservar.

Durante a adolescência, costumava ser ali o local escolhido para encontros de grupos escolares ou de jovens que compartilhavam interesses em comum. Na década de 1990, punks se reuniam no espaço. Nos anos 2000, foi a vez dos emos. Mais recentemente, grupos como otakus e k-poppers passaram a ocupar o mesmo ambiente.

Embora o Parque permaneça como referência, diversas mudanças ocorreram ao longo do tempo. Muitos moradores mais antigos costumam recordar fins de semana na Piscina com Ondas ou as noites em que a Praça das Fontes, iluminada, criava um cenário especial. Atualmente, desses lugares restam memórias. Os pedalinhos resistiram por mais tempo, mas tentativas de reativação não prosperaram. Hoje, encontram-se desativados, mantendo viva a ideia inicial do parque como um refúgio climático para a cidade.

Equipamentos importantes foram usados para eventos culturais, porém apresentam sinais de deterioração. A Piscina com Ondas, ocasionalmente, serve de local para sessões de filmes brasileiros. Já a Praça das Fontes passou a abrigar apresentações musicais, o que, por vezes, agrava os danos em sua estrutura. Embora estejam previstas reformas para a piscina, a praça segue fora dos planos imediatos.

Algumas melhorias, contudo, são notáveis. As pistas de corrida receberam atenção, assim como a manutenção dos banheiros e do castelinho. Eventos como o "Pôr do Sol no Parque" e outras atividades culturais mostram que há vitalidade no espaço. Embora o passado desperte nostalgia, o presente também oferece boas experiências. Há, porém, espaço para resgatar elementos valiosos que se perderam com o tempo.

Quase meio século após sua inauguração, o Parque da Cidade confirma que memória e modernidade podem coexistir. Trata-se de um lugar que segue reunindo Brasília, permitindo que se exercite, respire e se reconheça, provando que o futuro pode caminhar ao lado do passado, sem sacrificar o presente.