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Recurso gringo voltou, mas até quando?

Tarifaços 'trumpeanos' à parte, o 'arrocho monetário', agora não criticado pelo Planalto, deve estar na 'gênese' do reiterado interesse gringo no mercado tupiniquim, que exibe o melhor fluxo de capital estrangeiro para um primeiro semestre (1S25) em três anos. Mas a grande pergunta que não quer calar é: até quando?

De acordo com dados divulgados pela B3 (B3SA3), a bolsa brasileira - com base em estudos da consultoria Elos Ayta - foi contabilizado ingresso líquido - aportes que superam os resgates - do início do ano até a última sexta-feira (27), de R$ 26,21 bilhões. Tal montante é o maior para um primeiro semestre, desde 2022, quando atingiu R$ 68,75 bilhões

Esse movimento vigoroso representa, até aqui, uma reversão de tendência, uma vez que, nesse mesmo período do ano passado, o fluxo externo havia sido negativo em R$ 38,86 bilhões, mas positivo em R$ 23 bilhões em 2023.

O ingresso líquido da primeira metade deste ano é, igualmente, superior ao segundo semestre de 2024 (2S24), quando a entrada líquida não passou de R$ 14,66 bilhões.

No mesmo 'modus operandi', em junho, em que pese a alta de 1,3% do Ibovespa, o fluxo estrangeiro, no montante de R$ 4 bilhões, não foi acompanhado por uma mudança substancial na condução da gestão econômica local que motive (ou sustente) sua continuidade em um horizonte, por que não dizer, mais relevante, atestam especialistas.

Ante à magnitude de tais números, só cabe euforia aos investidores do Ibovespa, que bateu recorde em maio último, ao 'cravar' 140 mil pontos, o correspondente a uma expansão de 15% sobre o semestre anterior.

Sem desqualificar a relevância da explicação para tal 'vigor acionário', decorrente da 'rotatividade de recursos' dos EUA, mundo a fora, importa observar a natureza desse capital, em geral, de curta duração, que se remunera e some. Para Pindorama, porém, o que mais importa é o chamado 'investimento estrangeiro direto' (IED), de longa duração, que efetivamente financia o desenvolvimento econômico.

Nesse caso, a questão fiscal volta ao primeiro plano, quando se trata da 'insegurança jurídica' acarretada pelo desajuste flagrante das contas públicas.