O novo patamar da desinformação
As eleições brasileiras se aproximam, e com elas ressurge uma preocupação já conhecida, mas que agora ganhou contornos ainda mais preocupantes: a disseminação de desinformação em larga escala. Se em pleitos anteriores as chamadas fake news já representavam um risco concreto à integridade democrática, hoje a situação é ainda mais delicada diante da ascensão veloz da inteligência artificial generativa.
Estamos diante de uma nova era da manipulação digital. Imagens hiper-realistas, áudios forjados e vídeos deepfake circulam nas redes sociais com espantosa naturalidade — muitos deles indistinguíveis da realidade aos olhos do cidadão comum. Em segundos, a IA pode produzir conteúdo falso com aparência legítima, capaz de induzir o eleitor ao erro, reforçar discursos extremistas ou atacar reputações públicas.
Nesse contexto, é urgente que os órgãos de justiça do Brasil — em especial o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal (STF) — assumam uma postura proativa, coordenada e firme. Não se trata apenas de reagir após o dano consumado, mas de estabelecer desde já diretrizes claras, mecanismos de identificação e punição eficazes, além de promover campanhas de conscientização sobre os perigos dessa nova fronteira tecnológica.
A responsabilidade institucional é enorme. Não podemos aceitar que a IA seja usada como arma de guerra política, capaz de distorcer fatos e manipular multidões. Se a regulação da tecnologia ainda engatinha em nível global, cabe ao Judiciário brasileiro estabelecer jurisprudências sólidas e firmar parcerias com plataformas digitais para rastrear e conter conteúdos enganosos, independentemente de sua origem.