A prática que desmente a teoria

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Por muito tempo, o futebol europeu foi colocado em um pedestal inalcançável, tratado como um universo à parte, onde só os verdadeiramente "grandes" do esporte poderiam brilhar. Mas as recentes partidas do Mundial de Clubes expuseram uma realidade que há muito tempo era ignorada ou menosprezada: o futebol brasileiro, com todos os seus desafios estruturais, ainda é tecnicamente relevante, emocionalmente potente e taticamente competitivo.

Flamengo, Botafogo, Fluminense e Palmeiras enfrentaram adversários tidos como favoritos, milionários, bem organizados e com elencos recheados de estrelas internacionais. Mas, contra todas as previsões, lideraram seus grupos, impuseram seu jogo e mostraram o que o futebol brasileiro tem de melhor: garra, improviso, talento e paixão.

O Flamengo passou como um rolo compressor sobre o Chelsea, o Botafogo arrancou uma vitória épica contra o PSG, considerado por muitos o melhor time do mundo, enquanto Fluminense e Palmeiras dominaram as ações mesmo diante de Borussia Dortmund e Porto, respectivamente.

Esses resultados não devem ser vistos como uma simples zebra ou um lampejo isolado de inspiração. São, na verdade, um chamado à realidade. A diferença técnica entre os clubes europeus e brasileiros, muitas vezes tratada como abissal, é, em grande parte, fruto de uma narrativa que favorece o glamour europeu e ignora o contexto econômico desigual.

Mesmo assim, os clubes nacionais seguem revelando talentos, reaproveitando jogadores que não tiveram chances lá fora e valorizando veteranos que retornam com experiência.