Brasília precisa de uma termelétrica?

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Reportagem especial deste Correio da Manhã ajudou a evitar que viesse a ser discutida na surdina a construção de uma usina termelétrica no Distrito Federal. Tudo graças aos esforços de uma comunidade reunida em torno de uma escola que ameaçava ser desalojada para dar lugar a ela.

Desde então, veio à tona uma sucessão de fatos graves que merecem no mínimo a atenção das autoridades. Pretende-se que a usina seja construída às margens do poluidíssimo rio Melchior. Análises técnicas reveladas na CPI do Melchior dão conta de que o rio, na situação em que se encontra, não daria vazão ao resfriamento da usina, como o projeto pretende.

Um rio que hoje já adoece a população que vive ao seu redor. Cujas águas poluídas invadiram o lençol freático. Que pode mesmo estar enviando água poluída para o Descoberto, vindo a comprometer mesmo a qualidade do que se consome em todo o DF.

É preciso se questionar se não teremos aí uma soma de poluições. Ao poluidíssimo rio Melchior se juntaria a poluição do ar de uma usina jogando fumaça a uma altura equivalente a 40 andares. E sendo resfriada por um rio que não dá vazão a esse resfriamento, uma bomba instalada a poucos quilômetros do Palácio do Planalto.

É essa a imagem que o Distrito Federal deseja mostrar às vésperas de o Brasil sediar a principal conferência de meio ambiente do planeta, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP30?

Esta semana, acontecerá a audiência pública que discutirá a conveniência de instalação da termelétrica. Que todos esses pontos mereçam a reflexão dos envolvidos.