Liberdade e Convivência no Centro de Brasília

Por

A recente ação movida pela prefeitura do Setor de Diversões Sul (Conic) contra o Governo do Distrito Federal, questionando a realização de eventos na área central de Brasília, especialmente os direcionados ao público LGBTQIA , levanta um debate relevante sobre a convivência em espaços urbanos. A ação, que tramita no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), inclui imagens da casa de eventos Birosca, conhecida por festas plurais no Conic.

O caso ganhou repercussão após a divulgação de um vídeo nas redes sociais da Birosca, evidenciando o temor de que a medida possa representar um ato discriminatório contra o público LGBTQIA . Em resposta, o Grupo LGBT de Brasília e o deputado distrital Fábio Félix (Psol) acionaram o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT), solicitando a apuração dos fatos e medidas de reparação.

Mais do que uma disputa jurídica, a questão coloca em evidência a necessidade de conciliar interesses diversos em uma área historicamente marcada pela pluralidade cultural. No centro da capital federal, espaços como o Conic desempenham um papel vital na promoção da cultura, da arte e do direito à expressão, além de revitalizar uma região que, outrora, esteve quase abandonada e ocupada por pessoas em situação de rua.

Neste contexto, cabe ao poder público buscar um equilíbrio entre o respeito às normas urbanísticas e a garantia da liberdade de expressão, sem que o rigor da lei se converta em instrumento de exclusão ou silenciamento. A justiça terá o papel fundamental de assegurar que a decisão final reflita o princípio constitucional da igualdade, protegendo o direito de todos os cidadãos ao uso democrático dos espaços públicos.