A Justiça do Rio e seu olhar para o futuro

Por Ricardo Rodrigues Cardozo*

Inovar, sempre. Perder a dimensão humana, jamais. Esse foi o lema que orientou o Tribunal de Justiça do Rio nos últimos dois anos, período marcado por transformações profundas. De um lado, a tecnologia impulsionou melhorias significativas, permitindo o aperfeiçoamento dos serviços. De outro, o compromisso social manteve-se inabalável. A busca por esse equilíbrio revela o caráter de enxergar nas inovações a oportunidade de aproximar ainda mais o Judiciário das pessoas.

Aos números e fatos: os investimentos do Judiciário em inteligência artificial triplicaram no último biênio, criando ferramentas como o sistema Assis, que auxilia na elaboração de decisões. Ao mesmo tempo, a Sala Íris — um centro de informações em tempo real — e o laboratório de inovação Ideia Rio reforçam a importância dos dados para uma gestão estratégica baseada em evidências. Não se trata apenas de processar informação, mas de transformá-la em conhecimento útil, o que exige um cuidado constante com a capacitação de servidores e magistrados. Nesse cenário de modernização, o EPROC, sistema de processamento digital, acelera o trâmite processual e simplifica o acesso à Justiça, possibilitando que partes e advogados acompanhem o andamento de demandas com maior transparência.

Só que a tecnologia não pode ofuscar o cuidado com as pessoas. A ampliação da frota de ônibus da Justiça Itinerante garante atendimento às regiões mais distantes, aproximando o Judiciário daqueles que, muitas vezes, sequer têm recursos para se deslocar até um fórum. Iniciativas de amparo à população em situação de rua demonstram que as portas do Judiciário estão escancaradas para todos, reforçando o compromisso com a dignidade humana. A criação de uma Vara do Idoso comprova a preocupação na atenção especializada a uma parcela sensível da sociedade, ampliando o escopo de assistência.

Em diversas frentes, o TJRJ permanece atento às demandas sociais. O combate à violência de gênero reforça o papel do Tribunal na defesa dos direitos das mulheres e na construção de um ambiente mais seguro. Afinal, a Justiça é presença ativa na vida social, seja nos grandes eventos que movimentam a cidade, seja no dia a dia dos vulneráveis.

Além desses esforços, o Tribunal vem explorando novas formas de resolução de conflitos, como conciliação e mediação, que reduzem a quantidade de processos e evitam desgastes emocionais para as partes envolvidas. Esse olhar inovador permite que mais cidadãos encontrem soluções ágeis para seus litígios e, ao mesmo tempo, fortalece a cultura de paz no ambiente jurídico.

Mais do que um conjunto de ações pontuais, todos esses avanços traduzem uma mudança de cultura que vem se enraizando no Judiciário, promovendo uma visão cada vez mais aberta à inovação e ao diálogo com a sociedade. Essa transformação não pode estagnar: deve prosseguir atenta às demandas sociais e às novidades tecnológicas, garantindo o aperfeiçoamento contínuo de procedimentos e a capacitação constante de servidores e magistrados.

A gestão do TJRJ nos últimos dois anos representou um ponto de virada. Avanços tecnológicos e responsabilidade social não são excludentes; pelo contrário, reforçam-se mutuamente. É uma mudança cultural que se mostra imprescindível e sem retorno, pois a sociedade demanda eficiência aliada à sensibilidade. É com essa convicção que o Judiciário do Rio trilha um caminho promissor, de tornar-se referência para todo o país, sem abrir mão de sua essência: proteger direitos, promover justiça e valorizar cada indivíduo que busca amparo nas instituições.

*Desembargador. Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.