Estamos diante de uma importante e necessária discussão no Judiciário brasileiro. Ministros do Supremo Tribunal Federal iniciaram votação para a continuidade do uso de símbolos religiosos em órgãos públicos de todo o país. Mesmo já formando a maioria para que a permissão continue, temos o outro lado da moeda, o Ministério Público Federal afirmando que a permissão de símbolos viola os princípios constitucionais da liberdade de crença religiosa e da laicidade do Estado. E aí, de que lado ficar?
Será mesmo que a nossa Suprema Corte está pensando nas demais religiões existentes em todo o país ou somente, como sempre, no cristianismo? Como o próprio ministro Zanin afirmou, o "cristianismo faz parte da formação da sociedade brasileira". Até aí tudo certo, mas e as demais religiões da época ou que surgiram depois, que também influenciaram e muito na formação atual da nossa sociedade? Temos outros credos que nem sempre seguem a doutrina cristã. De fato, com essa permissão, outros símbolos poderão ser utilizados nos órgãos públicos sem que exista descriminação? Esse questionamento não se fecha somente nas religiões com raízes africanas, as que mais sofrem preconceito em nosso país, mas em tantas outras que também existem no Brasil. Religião não é monopólio e jamais deveria ser tratada assim. Se uma determinada crença poderá estar presente, como diz o ministro, todas poderão.
Agora temos dois lados da moeda, de um lado profissionais conceituados que formam o Ministério Público Federal, e de outro, ministros que integram a Suprema Corte brasileira. Que esse resultado não traga mais preconceito e intolerância que já existem em nosso país. Que seja uma decisão coerente com, de fato, o Estado Laico, que deveríamos viver.