Por:

Paralisação é questão de bom senso

O Brasil está enfrentando provavelmente a maior catástrofe natural já registrada neste século. As enchentes do Rio Grande do Sul chocam diretamente a população porque acontece em ambiente urbano, diferentemente das queimadas que quase extinguiram o Pantanal em 2020. E infelizmente, a sociedade brasileira sente mais empatia quando vê pessoas em tragédias em em vez de considerar todo desastre como grave.

Em um gesto de pura insensibilidade, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, anunciou a suspensão dos jogos dos times gaúchos dos jogos do Campeonato Brasileiro. E ainda assim, só o fez após os times do Rio Grande do Sul pressionarem a Federação Gaúcha de Futebol pela paralisação pelo período de 20 dias para avaliar a situação das cheias.

No entanto, suspender apenas os jogos é um absurdo. Não apenas pelo fator esportivo, que terá um Brasileirão desequilibrado por ignorar os momentos dos times envolvidos nas partidas adiadas, mas principalmente humano.

É de um extremo mau gosto obrigar atletas que estão com seus familiares e amigos correndo risco de vida a jogar partidas de futebol. Psicologicamente não há a menor condição.

Ao adiar apenas as partidas do gaúchos em vez de paralisar o Campeonato Brasileiro, a CBF não apenas faz pouco caso da tragédia, mas também passa a mensagem de que a vida humana vale menos do que as partidas de futebol.

Cenas como a do volante Thiago Maia, do Inter, ou do atacante Diego Costa, do Grêmio, ajudando o povo debaixo d'água deveriam sensibilizar o mandatário de que não há como jogar enquanto há pessoas ilhadas no Sul do país.