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Escola sem partido, pessoas com partido

Na última semana, uma escola pública do Distrito Federal trouxe à tona discussões sobre a polarização do país. Uma professora da Centro de Ensino Médio (CEM) 1 do Gama foi ameaçada verbalmente pela mãe de uma aluna.

Tudo começou quando a aluna do ensino médio escreveu em uma redação que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes "acabou com as leis do país". Ao ver o ver a afirmação, a educadora explicou que, segundo a Constituição Federal, não cabe ao poder Judiciário elaborar ou revogar leis. Essa é uma atribuição do poder Legislativo. A professora não teria entrado em considerações a respeito das eventuais interpretações que Moraes faz das leis ou do texto constitucional.

Ao saber do caso, a mãe da adolescente chamou a docente de "doutrinadora" e a ameaçou verbalmente. O caso gerou tanta polêmica que a aluna foi transferida de escola e a professora teve de ser afastada por 30 dias, devido a danos psicológicos. O caso remeteu ao cuidado que se deve ter nesses tempos de polarização.

Professores devem evitar impor posições políticas, mas também têm por obrigação esclarecer seus alunos. E, independentemente do posicionamento político de alunos e professores, o trabalho dos educadores precisa ser respeitado. Em vez de argumentar com a educadora sobre a afirmação da filha, a mãe preferiu tentar provar que estava certa através do grito. Esse caso mostra que, independentemente do conteúdo da discussão, as pessoas demonstram estar mais preocupadas em provar que estão certas sob o prêmio de quem fala mais alto.

Sem diálogo e respeito, não há democracia possível. Qualquer semelhança com o parlamento brasileiro (não) é mera coincidência.