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Brasília de dois mundos

Ao sul de Brasília, é possível ver Porsches e outros carros de luxo circulando nas ruas a até mesmo mansões que parecem terem sido retiradas de um filme hollywoodiano. Se fosse um município, o Lago Sul, região nobre da capital do Brasil, seria o mais rico do país. A população — muito bem selecionada — que mora por lá, tem em média a renda de R$ 23,1 mil, quase três vezes mais que o verdadeiro município que ocupa o primeiro lugar da pesquisa Mapa da Riqueza, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Nova Lima, em Minas Gerais com renda média de R$ 8.897.

Somente a 43 km de distância das riquezas do Lago Sul, está a maior favela da América Latina, o Sol Nascente, em Ceilândia. Lá se vê o completo oposto: a população convive com esgoto a céu aberto e em habitações que nada se parecem com a estética futurística, das linhas curvas e planejada por Juscelino Kubitschek.

A desigualdade social se acentua nos quesitos mais básicos. No Sol Nascente, a renda mensal por pessoa é de R$ 915. O asfalto cinza e liso das ruas do Lago Sul não reflete as crateras presentes no chão vermelho das ruas da favela que, nos últimos 20 anos, viu sua população crescer em 1.299%, com um total de 36.283 domicílios que compõem a área. Apesar de ser um só quadrado, Brasília revela dois mundos, lado a lado em realidades tão distantes que parecem até continentais.