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Educação para o Sol Nascente

É comum ouvir o discurso de que a educação é a melhor forma de mudar a realidade de uma região. A afirmativa tem total respaldo na realidade. No entanto, o "como" investir na educação também deve ser considerado. No Distrito Federal, o caso da região administrativa do Sol Nascente pode ser considerado um laboratório para os gestores. Isso porque a comunidade se tornou uma região administrativa em agosto de 2019, após ser desmembrada de Ceilândia. Desde então, o local, que iniciou seu crescimento de forma desordenada em 1998 - devido à grilagem de terra —, passou a receber mais obras de infraestrutura.

Agora, dentro de um ano, o Sol Nascente vai ganhar o primeiro campus do IFB (Instituto Federal de Brasília) como parte Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Todavia, a região segue com problemas que tiveram origem na base de sua formação, como quedas de energia, dificuldades no acesso à saúde, ao transporte e ao saneamento básico, além de possuir ruas estreitas e sem calçadas. Há ainda problemas de segurança pública que atrapalham o desenvolvimento da juventude local. Em um ano, a cidade pode mudar muito, como já tem mudado, e o maior desafio dos gestores é fazer com que a região administrativa deixe de ser sinônimo de favelização.

Quem vem para o Distrito Federal à procura de condições melhores acaba chegando às cidades mais afastadas, como o Sol Nascente, devido ao custo de vida. Entre o ano 2000 e 2020, a população cresceu de 7,4 mil habitantes para quase 100 mil habitantes. Mais da metade das pessoas que chegam de outros estados são nordestinos. Ao perceber a realidade da formação local, já é possível compreender várias atipicidades que denotam a necessidade de investimentos em setores essenciais.

Ao analisar os índices da educação, essa necessidade de se atentar à forma com que os investimentos são feitos fica ainda mais evidente. O último censo do IBGE, de 2022, apontou que 65,5% das crianças do Sol Nascente que estão na primeira infância não estão matriculadas em creches. Além disso, a taxa de evasão escolar é muito superior à média do Distrito Federal. Dito isso, é inegável a importância em investir na educação de nível superior, já que ela é de fato um instrumento de mudança social. Contudo, a educação básica naturalmente precede e influencia todos os índices educacionais. Caso esse investimento não ocorra, o mais natural é que alunos de outras regiões administrativas se matriculem na unidade do Sol Nascente, porque a juventude local sequer terá condições básicas de frequentarem as aulas.