Por: William França

Brasilianas | Licenciamento ambiental encerra novela de duas décadas e permite, enfim, o funcionamento de um crematório no DF

Crematório do DF recebe licença para começar a funcionar. | Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Dezesseis anos após o fim da CPI das Funerárias da Câmara Legislativa, que pôs luz a um esquema de fraudes que envolvia a chamada "Máfia dos Caixões" e resultou até mesmo na intervenção do Ministério da Justiça na segurança pública do DF, a cidade passa agora a contar com o seu primeiro crematório. As instalações, no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, receberam a licença que faltava por parte do Instituto Brasília Ambiental.

Em 2008, os distritais revelaram um esquema macabro, que envolvia donos de funerárias e advogados, os chamados "papa-defuntos". Além de fraudes (contábeis, fiscais e mesmo em atestados de óbito) que extrapolavam o DF e eram operadas em Goiás, Minas Gerais e Tocantins, eles lucravam se apropriando de parte do seguro obrigatório DPVAT, pago às famílias que tiveram parentes vitimados em acidentes de trânsito. Além disso, descobriu-se a rotina da reciclagem clandestina de caixões (foram constatados 75 casos), num esquema que envolvia o crematório de Valparaíso de Goiás, entidades sem fins lucrativos e funerárias. Foram indiciadas 8 pessoas. A Polícia Federal foi acionada, por determinação federal. Houve prisões e posteriormente, condenações.

Incrivelmente, o grupo se reorganizou e, em 2017, foi necessária uma segunda operação policial, que resultou em mais 12 prisões. Na época, os envolvidos captavam sinais de rádio da polícia e colhiam dados sobre os locais das mortes aparentemente naturais. Com as informações, faziam contato com as famílias, fazendo-se passar por servidores de instituições públicas e propunham suposta parceria para atestarem o óbito fora do IML, alegando que o processo seria mais rápido e "menos doloroso". Para completar o golpe, as funerárias retornavam para as famílias e confirmavam a informação, oferecendo serviço médico de atestado de óbito, bem como serviços funerários.

Vencer esses obstáculos criminosos para instalar o crematório em Brasília foi uma das etapas. A outra, foi conseguir ter êxito na licitação para conceder o serviço, feita e refeita várias vezes. Ela foi tentada desde 2001, quando aconteceu a primeira concessão dos cemitérios do DF para a Campo da Esperança Serviços Ltda. Somente 20 anos depois, em 2021, é que os órgãos ligados ao patrimônio arquitetônico concederam a autorização para a construção deste crematório. Daí, novas dificuldades surgiram, dessa vez ligadas ao funcionamento dos equipamentos.

As obras do crematório, que tem 290 m² e capacidade para até 40 pessoas na sala de despedida, ficaram prontas no ano passado. Mas, por conta da ira dos vizinhos próximos ao cemitério da Asa Sul, que alegavam que a fumaça a ser exalada após a cremação seria tóxica, foram feitas novas exigências por parte dos órgãos ambientais (como novos filtros especiais e limitação no horário de funcionamento dos fornos, denominados câmaras ardentes). Com isso, o início das operações acabou atrasando.

A secretária de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, classifica o licenciamento final do crematório como "uma entrega importante da Sejus à população do DF". Em média, o DF realiza 1.050 sepultamentos por mês, em 6 cemitérios. Não se tem dados de quantos brasilienses são cremados em Valparaíso de Goiás, atualmente. "O que temos acesso é à guia de sepultamento, que não tem endereço. Não fazemos essa diferenciação de quem é do DF ou não", afirma a diretora administrativa do Jardim Metropolitano, Monique Pinto.

Para animais, existe desde 2011 - Enquanto a novela do crematório para os brasilienses se arrastou por pelo menos duas décadas, os pets têm a prestação do serviço há 13 anos. A Paraíso Animal, localizada no Lago Oeste, oferece a cremação num ambiente muito semelhante àqueles dos humanos, com capela e sala de despedida, num ambiente de muito respeito. Em média, são cremados 2.100 animais por ano.

Elefante e capivaras - E falando em bichos, hoje é aniversário do elefante Chocolate, que faz 32 anos, habita o Zoológico de Brasília desde 2008 e é um dos animais mais carismáticos de lá. Ele é o segundo elefante africano a nascer em cativeiro no Brasil. Ele chegou ao Zoo resgatado de um circo pelo Ibama.

E as capivaras, que habitam as margens do Lago Paranoá, também são notícia. O Instituto Brasília Ambiental promoveu uma consulta pública sobre o projeto de monitoramento desses animais. O encontro presencial permitiu que os interessados debatessem com a autarquia estratégias de manejo e controle desses mamíferos roedores e dos carrapatos, que os infestam.

Aqueles que não puderam comparecer ao evento terão a chance de participar da consulta na modalidade virtual, encaminhando sugestões para o e-mail [email protected] - o prazo para os envios de opiniões vai até o dia 30 de abril. A proposta apresentada está disponível no site do instituto.

"Bright Shadows" estreia hoje - Músico, compositor e produtor musical, o jornalista Pedro Noleto lança hoje no Spotify e em todas as plataformas digitais mais um single de sua autoria — Bright Shadows. "É um rock retrô bem alto astral, com uma levada dos anos 70, ritmo energizante e guitarras inspiradoras. Aquele tipo de som que tanto dá pra dançar como só ficar relaxado curtindo", define.

Carioca radicado em Brasília desde 1996, Noleto já produziu e lançou 3 álbuns, 6 singles e um EP, a partir de 2019, quando concluiu uma carreira de 40 anos na área de comunicação. Desde então vem compondo, gravando e distribuindo suas produções em que toca guitarra, violão e baixo, mas também se arrisca no sintetizador e na percussão eletrônica. Seu som é em geral mais suave, com batidas contagiantes e solos emotivos. "Música sempre foi minha paixão, desde a adolescência", confidenciou.

Onde está Weslian? - Dona Weslian Roriz está bem, e aproveitando a vida, aos 81 anos. Mora na Fazenda Jacobina, em Luziânia. Nela, a filha Wesliane Roriz está à frente da empresa da família, os Laticínios Palma - que, segundo o seu Instagram, "se destaca no Brasil pela genética de seu rebanho Gir, Girolando e Holandês". Entre os produtos lácteos "de excelência", está o queijo Cottage, que foi premiado recentemente num concurso nacional de queijos, em Araxá (MG).

Neste final de semana do aniversário de Brasília, Dona Weslian irá até Teresópolis (RJ), para o casamento de seu sobrinho-neto, André Honorato. Vai acompanhada do seu neto, Juliano (filho de Wesliane). Ele é criador de boi de rodeios, considerado um dos mais respeitados do país. É um excelente piloto, estudou e morou nos Estados Unidos. Quem o conhece, diz que é "uma cópia do avô", de quem seguiu o gosto pela lida no campo.

Pra finalizar...

O Pudim secreto de JK - Para quem é apegado às tradições (sim, Brasília já tem as suas!) ou é um candango legítimo, uma sugestão-raiz para comemorar o aniversário da Capital é se deliciar com o Pudim JK, que está no cardápio da cafeteria do Manhattan Plaza Hotel. A iguaria "é diferenciada", segundo André Kubitschek, bisneto do ex-presidente - que administra os hotéis da rede Plaza na cidade.

Diz o site do hotel: "A receita de décadas, criada especialmente para o então presidente, se consolidou no decorrer do tempo como a mais cobiçada de Brasília. Até hoje o sabor diferenciado do pudim de leite é um mistério guardado a sete chaves pelo grupo, passado de geração em geração para seleto grupo dos que trabalham na cozinha da rede Plaza." A cafeteria funciona 24 horas por dia e o pudim custa R$ 14. Vale, muito!

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