Numa visita simpática à ABL, o ex-ministro da Educação Cristovam Buarque entregou aos imortais o livro "Conversa com Edmar Bacha", por ele escrito, com muita propriedade (Editora Intersaberes). Os dois intelectuais discutem o início da formação da pós-graduação em economia no Brasil, ainda nos anos 60 e o que aguarda o futuro dessa matéria de grande relevo.
Com o traquejo da sua experiência de homem público, passando pela reitoria da Universidade de Brasília, onde fez um belo trabalho, colocou em suas páginas também a rica atividade na condição de Ministro da Educação no Planalto Central. Foi um trabalho que marcou época.
Cristovam foi para a política para transformar ideias em educação. Nesta obra cita com destaque o economista Mário Henrique Simonsen, que estudava escrevendo livros. Tem trabalhos de micro e macro economia, marcado pela atividade no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Foi influenciado por Eugênio Gudin e Roberto Campos.
De todas as lacunas no pensamento econômico, nenhuma é tão responsável por nosso atraso econômico e nossa tragédia social quanto ignorar a educação como vetor do progresso. Os economistas viram que a população educada é uma alavanca para o aumento da produtividade, da eficiência, da distribuição de renda, da paz nas ruas, da saúde pública.
Bacha é visto como criador da ideia de Belíndia, uma fábula sobre crescimento e distribuição de renda, em que se verifica que a grana toda só vai para os ricos, não sobra para os pobres. O PIB é o felicitômetro dos ricos. Foi uma fábula que provocou enorme impacto. Belíndia foi resultado de uma inspiração, e depois foi construído o Plano Real.
No livro há pensamentos de Gustavo Franco e Armínio Fraga, respeitados economistas dentro e fora do Brasil. Nessa lista podemos incluir também André Lara Resende, Persio Arida e Celso Furtado, que entrou para a Academia Brasileira de Letras em 1997. Todas figuras notáveis.
Abordam-se também as grandes influências recebidas em Yale. Lembramos sempre do nosso país dos contrastes.
*Escritor. Membro da Academia Brasileira de Letras
