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Vinicius Júnior só queria jogar bola

Este espaço não falará sobre o confronto entre Brasil e Espanha. Aqui será debatido um tema muito mais importante que também envolve esta partida. A forma como a CBF usou o racismo sofrido por Vini Jr. para promover o jogo no país em que o camisa 7 é constantemente ofendido não pode ser vista como normal.

Campanhas de marketing usando a vítima como garoto propaganda fazem parte de um roteiro que inclui a promoção dos patrocinadores e uma entrevista coletiva que colocou mais um alvo nas costas de Vini. Sozinho, sem nenhum diretor ao seu lado, o jovem de 23 anos mais uma vez foi feito de vidraça e precisou encarar uma bateria de perguntas sobre as recorrentes perseguições que ele sofre na Espanha, palco do jogo. Mesmo muito forte, dessa vez ele não suportou e chorou.

Aos prantos, ele disse que gostaria apenas de jogar futebol, mas isso foi tirado dele. Foi imputado a ele a responsabilidade de liderar uma luta solitária, sem apoio do maior clube do mundo, o Real Madrid, e nem da maior seleção do planeta, o Brasil.

O fato de Vini ter encarado esta batalha contra o racismo como uma luta pessoal não significa que ele quer carregar este fardo. O choro do jogador que chegou a dizer que "está cada vez mais sem vontade de jogar" mostra que ele está nesta luta porque precisa, não porque quer. Ele só queria jogar bola.

Vini carrega o peso também de ser o jogador que não pode errar. Forçado a lutar contra o racismo, ele não tem direito de perder gols, nem de receber cartões amarelos e nem de responder os xingamentos com provocações. Quando Vini erra mandam ele "jogar mais e falar menos". Pois Vini segue jogando e também falando. Mas ele só queria jogar bola.

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