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CSN: do orgulho ao temor

Enquanto a CSN negocia fusões e aquisições 24 horas para virar líder no mercado de aço, cimento e toda a cadeia produtiva, a Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, interior do Estado do Rio, está com equipamentos defasados e jogando toda a sua poluição no município. Os funcionários da empresa, com salários inferiores ao de qualquer outra siderúrgica e sujeitos a péssimas condições de trabalho, para não dizer perigosa, passam diariamente por sobressaltos. Isso na maior Siderúrgica da América Latina, com investimentos no exterior e lucros cada vez mais altos.

Diante desse cenário, o que antes era orgulho para as famílias da Cidade do Aço quando um filho ou parente em outro grau ingressava na Usina virou motivo de temor. Isso mesmo. Trabalhar na ex-estatal, símbolo da industrialização no país na Era Vargas, hoje virou motivo de preocupação constante para os familiares.

A população de Volta Redonda assiste, sem ter força e apoio, impassiva praticamente, a degradação de uma classe trabalhadora que foi primordial para o crescimento da indústria brasileira. Considerado tardio, o processo de industrialização aconteceu de fato no primeiro governo de Getúlio Vargas (1930-1945), que passou a investir, abrir empresas públicas e privilegiar a indústria pesada. Para isso, era necessário financiamento, obtido graças a negociação de Getúlio com os Estados Unidos. Assim, nasceu a Companhia Siderúrgica Nacional, em 1941, em Volta Redonda. Fruto de um acordo feito na época que previa o Brasil lutar junto aos americanos na Segunda Guerra Mundial.

Nos dias atuais, a história foi apagada e não há mais luta. Contra ou a favor de nada. Só mesmo o trabalho para manter a Usina operando.

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