Mais do que a briga entre o Partido Socialista e a Aliança Democrática para saber quem governará Portugal, depois da renúncia de Antônio Costa, o mundo deve ficar de olho na ascensão de um partido considerado de extrema-direita, chamado Chega. Hoje, ele representa quase 20% do parlamento português, após o pleito de domingo (10), e pode ser crucial para a ideologia da direita assumir o comando o país, apesar do líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, refutar a proposta.
A grande questão para ele está justamente no seu anúncio como primeiro-ministro de Portugal, mas com um apoio mínimo no Parlamento, a esquerda como oposição e o Chega como aliado, mas, ao mesmo tempo, independente.
A encruzilhada está formada e, para o presidente Marcelo Rebelo de Souza, há chance de até fazer uma nova eleição, caso o governo atual não consiga, em curto prazo, estabelcer acordos e criar um clima bom de governçança.
Portanto, o Chega pode ser o fiel da balança entre ceder pontos e ocupar cargos no governo de direita de Portugal ou a Aliança Democrática manter seu compromisso de campanha.
Os novos valores da extrema-direita
Abrindo um parenteses, quando se escuta extrema-direta, muitos podem remeter o termo a grupos políticos ligados ao movimento fascista da Itália e suas ramificações, como nazismo (Alemanha), Franquismo (Espanha), Salazarismo (Portugal). Outros, como comparação, podem se espelhar nos regimes militares, para fazer uma alusão à extrema-esquerda, que seria o comunismo de fato ou algo muito próximo ao que foi feito na União Soviética em meados do século XX. Já outros, podem se remeter aos regimes militares, também para se contrapor ao comunismo ou socialismo ou anarquismo.
O fato é que o termo extrema-direita, hoje, está sendo utilizado para as ideias e ideais mais ligados ao conversadorismo e ultranacionalistas, como o caso do partido de Marine Le Pen na França.
*Historiador e jornalista
