Por: Barros Miranda*

Por mais enredos históricos das escolas de samba

Em meio a tantas batalhas por direitos iguais, a Paraíso do Tuiutí resgatou a Revolta da Chibata para o seu enredo no carnaval do Rio de Janeiro deste ano. O movimento, orquestrado pelo marinheiro João Cândido, que ficou conhecido como o "Almirante Negro", visava combater o uso da chibata como castigo na Marinha, já que o elemento lembrava os açoites que os capatazes davam nos escravos, no período imperial, como forma de castigo.

Mais do que relembrar o ato, o desfile também salientou a questão da igualdade e da luta pelos direitos iguais a todos os cidadãos.

Outra escola que também usou os livros de história para explorar o mesmo tema foi a Portela, baseando-se no livro "Um defeito de cor", cuja personagem principal fora inspirada em Luísa Mahin, mãe de Luiz Gama. No desfile, além da luta por direitos, a agremiação retratou a luta das mães nos cuidados com seus filhos.

A campeã Viradouro foi na mesma linha, utilizando os mitos africanos dos povos do Benin, retratando as matizes africanas e a história da vodum serpente. Mais uma vez, a transversalidade do negro como raça e povo inferior fora retratada na Sapucaí.

É muito comum as escolas de samba do Rio de Janeiro usarem essas temáticas, como forma não apenas de trazer elementos construtivos aos seus carros alegóricos, como também para alertar e mostrar temas que necessitam de mais aprofundamento e discussão na sociedade, como todo.

Nem sempre as aulas e história, sociologia e filosofia, por questões até mesmo da diretriz pedagógica da instituição de ensino, conseguem ou podem abordar com mais veemência essas temáticas. Por isso, as agremiações trazerem esses temas para os enredos, dando um ar mais lúdico e construtivo visualmente, pode aguçar a mente da criança e do jovem para pesquisar mais sobre o fato.

A arte também é uma forma de cultura e resgatar temas histórico-sociais para produzir alegorias, fantasias e adereços faz com que, além do ponto de vista pedagógico, as pessoas possam observar como eram as vestimentas e o estilo das épocas retratadas, mesmo não sendo ideologicamente iguais.

Espera-se que em 2025 venham outros enredos com essa temática, ainda mais com o Rio de Janeiro completando 460 anos de fundação e o Brasil 525 anos da chegada dos portugueses no território, pois ela não foi descoberto em 22 de abril de 1500, mas isso é assunto para outro artigo.

*Historiador e Jornalista.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.