Por: José Aparecido Miguel (*)

'Me urinei de medo ao ser levada no camburão da PM por erro de Inteligência Artificial - IA'

1- FOI GOLPE? República no Brasil nasceu proclamada por militares e 'sem povo'. No dia 15 de novembro é celebrada a Proclamação da República, evento ocorrido em 1889. Hoje, diversos historiadores concordam que o processo pode ser entendido como um 'golpe de Estado'. Por que a Proclamação da República foi um golpe de Estado? Velocidade e militares. Podemos considerar a Proclamação da República como um golpe de Estado por conta da velocidade, da atuação militar e da movimentação contra um poder constituído. Esta é a avaliação de Wesley Santana, professor de História da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "Um golpe de Estado é um movimento brusco, rápido, em que um poder legitimamente constituído é retirado por uma outra força. A Proclamação da República não foi um movimento revolucionário, Dom Pedro II foi retirado à força do seu cargo." (Wesley Santana, professor de História da Universidade Presbiteriana Mackenzie) 'Sem povo'. Também é possível considerar a ausência da participação popular como um dos indicativos de que a instauração da República no Brasil aconteceu por meio de um movimento golpista. Debate estava em alta. Apesar disso, a professora de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heloísa Starling, afirma que o debate sobre o republicanismo estava em alta no Brasil e, portanto, a população não foi pega de surpresa em novembro de 1889. "O debate já era vigente e importante, com o traço mais avançado do republicanismo em alguns setores, ligado ao bem comum e à ideia de que a República traria um conceito novo de cidadania." (Heloísa Starling, professora de História da UFMG) Por que durante tanto tempo não foi considerado um golpe? Passado conveniente. Heloísa Starling explica que, ao retirar a ideia de que a Proclamação da República foi fruto de um movimento golpista, criou-se uma interpretação "conveniente" do passado. (...) (UOL) 2- ERRO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL-IA - 'Me urinei de medo ao ser levada no camburão da PM por erro de IA'. Por Abinoan Santiago, Tilt. Acompanhada de duas amigas, a auxiliar administrativa sergipana Thaís Santos, de 31 anos, estava animada para o Pré-Caju, tradicional micareta de Aracaju. Mas a diversão virou um pesadelo. Um erro da IA (Inteligência Artificial) usada no reconhecimento facial das câmeras do evento fez a jovem ser confundida duas vezes com uma foragida da Justiça. Durante uma das duas abordagens, ela chegou a urinar. Thaís diz que, meia hora após chegar à micareta, três agentes à paisana da PM a abordaram. Perguntaram o nome dela e pediram o documento. Como ela estava sem o RG, o constrangimento iniciou. "Questionei do que se tratava e quem seriam eles. Um dos polícias se identificou e informou que estava à paisana. Disse que a abordagem era um protocolo de segurança, pois eu teria sido identificada pela câmera de segurança como uma possível foragida". (Thaís Santos, auxiliar administrativa) Após a confirmação de que era a criminosa procurada, ela foi liberada. Não sem antes ver a foto da mulher. "Ela não se parecia comigo". Duas horas depois, enquanto curtia o trio da cantora Ivete Sangalo, quatro policiais militares a abordaram novamente. Dessa vez, de forma violenta e com brutalidade. "Exigiram que ela colocasse as mãos para trás para ser algemada. Eu já estava chorando e nervosa, informando que eu não tinha feito nada. Um dos policiais dizia que eu sabia o que tinha feito. No mesmo momento, eu urinei nas calças. Fui conduzida para o camburão da polícia como uma marginal, como todo mundo ali presenciando todo o constrangimento pelo qual eu estava passando. Nunca fui tão humilhada em minha vida, sem nunca ter feito nada de errado na vida." (Thaís Santos, auxiliar administrativa) Depois da última abordagem equivocada, Santos foi para casa angustiada e com medo. Vítima de erro vê racismo em abordagem com IA. Thaís conta que nunca parou para pesquisar sobre a tecnologia que a fez passar pelo constrangimento na festa, mas considera que o erro tenha um viés de racismo. "Fui discriminada publicamente por ser pobre e preta", diz ela. Governo admite erro e diz que revisará uso de IA. Questionada por Tilt, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de Sergipe admitiu o erro. Afirmou que "houve uma grande similaridade apontada pela identificação facial com outra pessoa, que possuía mandado de prisão em aberto". "A tecnologia não tem 100% de precisão se realmente é a pessoa apontada no banco de mandados, por isso a necessidade de uma verificação minuciosa." (SSP de Sergipe) A Corregedoria da Polícia Militar instaurou procedimento para averiguar a ocorrência. A PM informou que "irá rever os protocolos para evitar falhas nos próximos eventos com uso da identificação facial". (...) (UOL)

3- FOSSAS ECOLÓGICAS - Mutirão de fossas ecológicas recria o saneamento básico. Após mapeamento da área e orientações que receberam de pesquisadores da UFPR (Universidade Federal do Paraná), mais de mil famílias da Ocupação Nova Esperança instalaram fossas ecológicas em suas casas. O buraco no terreno é revestido com cimento, pneus, pedras, areia, também leva mudas de bananeira, e funciona como uma câmara de fermentação que trata o esgoto do vaso sanitário. Sem mau cheiro ou vazamentos. Custa cerca de R$ 500, revela reportagem de Ecoa, feita por Antoniele Luciano. Os moradores tocaram a obra sem dificuldade, com oficinas do Movimento Popular por Moradia. "Abrimos as três fossas no mesmo dia. Isso já tem três anos e até hoje nunca tivemos problema. Elas são bem firmes", afirma o reciclador Eliandro do Amaral. (...) (UOL)

4- QUILOMBOLAS - Cotas nas universidades recebem os quilombolas. A Lei de Cotas é uma política afirmativa, que reserva vagas em universidades e institutos federais para estudantes vindos da escola pública, contemplando grupos de baixa renda, negros, indígenas e pessoas com deficiência. O presidente Lula sancionou na segunda (13) a lei que atualiza o sistema de cotas, após mudanças aprovadas pelo Congresso, como a inclusão de estudantes quilombolas na reserva de vagas em universidades federais. Estas ações agora valem por mais 10 anos, até 2033, informa a Agência Brasil. As cotas começaram a valer no país em 2012, sob intenso debate, citando um projeto de reparação de danos históricos, e se ampliaram para vagas no serviço público e também na iniciativa privada. (...) (UOL)

5- EM ALTO MAR - Assalto à mão armada em alto mar. Os criminosos agora roubam de motos aquáticas, e deixam as vítimas abandonadas, boiando, pedindo socorro para não se afogarem. O turista está lá, descansando sobre as ondas, achando-se protegido dos batedores de carteira na calçada, e não está seguro. No litoral de São Paulo, a Polícia Civil investiga a quadrilha dos piratas do PCC, que fez ao menos seis ataques a bordo de motos aquáticas. Por Camila Corsini. O mar compõe grande parte do planeta e vira cenário para diversos tipos de crime: tráfico de drogas, de armas, contrabando, infrações ao meio ambiente, morte de animais. O tráfico de escravos (escravizar é crime) vindos da África começou pelos oceanos. O mar também é rota de fuga de criminosos. (...) (UOL)

(*) José Aparecido Miguel, jornalista, diretor da Mais Comunicação-SP,
trabalhou em todos os grandes jornais brasileiro - e em todas as mídias.
E-mail: [email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.