Por: Jolivaldo Freitas*

É preciso enterrar os fios

Todo mundo sabe que, quando chove, o risco de ficar sem energia elétrica é grande. São curtos-circuitos na rede, e o principal é que as árvores caem, como aconteceu recentemente em São Paulo, onde o povo ficou dias no escuro e teve prejuízos. A operadora está sendo processada por milhares de moradores e comerciantes prejudicados. Como se sabe e se vê por aqui, na Cidade da Bahia, é algo quase constante. Pobre Salvador. Há anos venho dizendo da necessidade de enterrar os fios. Esse negócio de rede aérea é coisa do passado, pois somente cidades pobres ou com administrações de mentalidade atrasada permitem isso. Não é diferente no Rio de Janeiro e amigos que moram no Méier falam horrores. E certa feita vi um garoto levar um choque, na Vila, quando o fio da sua pipa se enroscou na fiação.

Claro que, se você aborda uma empresa como a Neonergia Coelba e fala da necessidade, ela vai fazer ouvidos moucos, porque não lhe interessa mudar todo o sistema sob o argumento de que é caro tirar os fios dos postes e fazer uma canalização subterrânea. É caro, sim, mas especialistas têm demonstrado que a médio prazo o investimento se paga. Depois, sai-se ganhando por "gravidade."

Cabe também ao prefeito, ou seria de importância, caso os prefeitos passados tivessem tido a coragem de exigir dos operadores de energia elétrica, dos fornecedores, que efetuassem um programa de realocação da rede, da fiação. Em Salvador, parece ser pior, visto que os postes, que, na realidade, são colocados pela prefeitura para servir à Coelba, servem para tudo. Têm utilidade para ninhos de pássaros (o que é bonito de se ver), mas também para GatoNet, fios de operadoras de telefonia, TV a cabo e o escambáu.

O que se vê é uma "paisagem" desoladora e feia de fios correndo por toda a cidade, quando, para oferecer melhor segurança aos cidadãos, deveriam estar sob a terra, sob a calçada, sob o asfalto ou sob a grama. Como está, não pode continuar assim. Será que o excelentíssimo vereador que nos lê teria coragem para apresentar um projeto? Fica a esperança. Enquanto isso, vamos pedir aos deuses das tempestades para acalmar os ventos. É o que nos resta.

*Escritor e jornalista. autor do romance "A Peleja dos Zuavos Baianos contra Dom Pedro, os Gaúchos

e o Satanás".

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.