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Intolerância que rima com ignorância

Não é de hoje que constatamos sucessivos casos de intolerância religiosa em diversas regiões do Brasil. Um caso muito recente, que aconteceu no final do mês de outubro, exemplifica a incapacidade de compreensão daquilo que difere da forma de pensar e agir de um indivíduo.

Um grupo de umbandistas foi vítima de intolerância, na Estrada do Paratinga, no bairro Samaritá, no litoral de São Paulo, bem próximo a uma cachoeira da região, quando se reuniam para a realização de um ritual. Na oportunidade, um homem desceu do carro e proferiu diversas ofensas contra os praticantes da religião, e ainda por cima deu uma cabeçada em um filho de santo (conforme as imagens divulgadas nas redes sociais comprovam). O indivíduo teria se incomodado com a escolha do local para a realização do trabalho espiritual, e partiu para agressões verbais e físicas.

No vídeo, o homem diz ao grupo (que pertence ao Terreiro de Umbanda Zeferina D'Angola, na zona leste de São Paulo), irem para a porta da casa deles. "Você veio trazer resto de comida para jogar na porta dos outros?", declarou o homem, visivelmente transtornado, antes da atitude ainda mais incisiva: dar uma cabeçada em um praticante da religião. Além das agressões e ameaças, o homem chamou uma das integrantes do grupo religioso de 'jumenta' e 'ignorante'.

De acordo com dados disponibilizados, o Brasil registra uma média de três denúncias de crimes de intolerância religiosa por dia.

O número de denúncias desses casos no Brasil aumentou 106% em apenas um ano. Passou de 583, em 2021, para 1,2 mil, em 2022, e o Estado recordista foi São Paulo, com 270 denúncias, seguido por Rio de Janeiro (219), Bahia (172), Minas Gerais (94) e Rio Grande do Sul (51).

Gestos como este, denotam que a Liberdade Religiosa, garantida por nossa Constituição Federal de 1988, infelizmente ainda não é uma realidade. Nota-se tamanha perseguição, majoritariamente contra as religiões de matriz africana (umbanda e candomblé), em ações não apenas insanas, mas sobretudo criminosas, que necessitam do pesado exercício e rigor da lei. A manifestação da fé (seja ela qual for), não pode ser em hipótese alguma cerceada.

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