"Na guerra, a primeira vítima é a verdade". A frase que costuma ter sua autoria atribuida ao dramaturgo grego Ésquilo, ao antigo político britânico Philip Snowden, e também ao escritor inglês Samuel Johnson, na realidade, tem sua autoria desconhecida, mas representa bem o momento vivido atualmente, em que além de tiros, mísseis e bombas, os conflitos também são de versões.
A ironia é que a semântica da frase, que faz ainda mais sentido quando não encontramos a verdade absoluta sobre seu autor, só demonstra o quanto nós, como sociedade, somos vulneráveis para acreditar na primeira informação que nos é passada, ou pior, naquela "verdade" mais confortável ou a que mais atende nossas expectativas.
Nas guerras, as muitas vividas na atualidade, seja no Oriente Médio, na Ucrânia ou aqui no Brasil, essas "verdades" tornam-se ainda mais sensíveis. Em quem acreditar? É possível confiar em versões oficiais? Como saber quem mente e quem diz a verdade em meio ao caos? Quem são os verdadeiros assassinos dos fatos?
De concreto é possível afirmar apenas que quem esbanja muitas certezas fatalmente está enganado.
No terrível caso do ataque ao hospital em Gaza, a guerra de versões nunca ficou tão evidente. De um lado, palestinos dizem que Israel lançou o bombardeio. Já os israelenses acusam o Hamas de provocar a tragédia e publicam até áudios e vídeos para defender o seu ponto.
Para a história, cada lado já definiu o seu vilão favorito e a sua verdade mais confortável. Por isso é preciso ter calma, não se assegurar a certezas que não existem e aguardar por verdades constatadas e comprovadas que, sabemos, podem nunca aparecer.