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A explicação do 'mundo paralelo'

O jovem e também desconhecido lateral-direito Yan Couto, de 21 anos, recebeu a oportunidade de estrear pela seleção brasileira no último confronto da equipe, após a lesão do titular Danilo, ainda no primeiro tempo.

Mas ele realmente chamou a atenção do público com o que fez fora de campo, ou melhor, com o que falou na entrevista coletiva concedida a jornalistas no domingo, quando tratou de elogiar o também lateral-direito, Daniel Alves, preso na Espanha, condenado por estuprar uma mulher.

Yan disse: "Meu ídolo é o Daniel Alves, não tem como ser outro". E continuou: "Eu cresci assistindo ele pela TV, é um ídolo para muita gente, para muitos brasileiros. Ele fez uma história muito linda pela seleção e pelos clubes por onde passou."

Obviamente que Yan Couto estava falando da inegável grande carreira de Daniel Alves, um dos atletas mais vencedores do futebol mundial e que ocupou o topo da posição por muitos anos. Apesar da ressalva, prestar tamanha homenagem e chamar de ídolo um homem condenado por estuprar uma mulher escancara o quanto os jogadores de futebol, muitas vezes, vivem em uma bolha e não conseguem medir a consequência de seus atos e o impacto de suas palavras.

Não é possível desassociar a figura de Daniel Alves, grande jogador e campeão com a do homem Daniel Alves, condenado por estupro. Da mesma forma que não há como descolar a imagem do habilidoso e vencedor Robinho, do também condenado por estupro Róbson. Ou mesmo do goleiro Bruno, condenado pela morte da mãe do próprio filho com o bom goleiro que foi.

São as mesmas pessoas e perderam a oportunidade de serem idolatradas ao cometerem crimes tão perversos, por mais que suas obras sejam eternas e reconhecidas.

Há de se pontuar também que, ao criticar o mundo paralelo vivido por muitos jogadores de futebol e também suas dificuldades em terem uma comunicação assertiva, é preciso lembrar que muitos deles, assim como tantos brasileiros, tiveram poucas oportunidades de estudo de qualidade. E nesse sentido, outros aspectos da nossa sociedade também merecem a crítica.

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