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Os efeitos da pandemia na educação

Um levantamento da Unicef mostrou aquilo que muitos poderiam esperar neste período inicial depois da pandemia da covid-19. A taxa de analfabetismo entre crianças de 7 a 9 anos praticamente dobrou no período: saltou de 20% para 40% entre 2019 e 2022.

No levantamento do órgão ligado à ONU, há destaque, principalmente, para privação do estudo, com os piores índices nos estados no Norte e Nordeste — Amapá (91,7%), Piauí (91,6%) Pará (91,2%) e Maranhão (90,2%) — e melhores no Centro-Sul — São Paulo (35,7%), Distrito Federal (37,6%) e Paraná (46,8%).

Percebe-se, mais uma vez, com essa pesquisa, a desigualde socioeconômica do país, que volta e meia entra na mesa de debates em qualquer conversa de família ou mesmo no Planalto Central.

O Brasil é um vasto território, que comporta várias nações do mundo, em termos geográficos. Contudo, muito disso pode estar ligado ao modelo de colonização ou mesmo aos povos que efetivamente vieram se instalar no país nos séculos XVIII e XIX, somando-se às consequências sociopolíticas geradas no início da República.

Não deve ser esquecido da memória de muitos a famosa política do voto de cabresto, que reinou bastante, justamente, no Nordeste, com os donos das fazendas, os chamados "coronéis", obrigando seus funcionários a votarem nos seus candidatos e ensinando-os a, pelo menos, lerem e escreverem os nomes de bastismo.

Passa-se a República Velha, Era Vargas, Nova República, período cívico-militar e apenas na Redemocratização o cidadão considerado analfabeto conseguiu direito ao voto. Fora isso, os sistemas educacionais criados pouco surtiram efeito no longo prazo.

Ou seja, um dado que poderia estar sendo estabilizado ou mesmo em vias de melhorar praticamente voltou para a estaca zero pela falta de aparato tecnológico no tempo em que os alunos tiveram que assistir as aulas de casa, com muitos ficando sem frequentar às escolas.

Em suma, o grande efeito da pandemia apareceu, com muitas crianças tendo que aprender a ler e escrever tardiamente, pela ausência de investimento e de políticas públicas capazes de suprir uma demanda que, mesmo vindo de forma inesperada, poderia ter sido planejada.

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