Por: Edimilson Migowski*

Procedimentos com injetáveis devem ser feitos por médicos

Sou médico há quase 40 anos, professor da UFRJ, diretor presidente do Instituto Prevenir É Saúde, membro titular da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Ciências Farmacêuticas.

Hoje vou falar sobre procedimentos estéticos feitos com injetáveis. A Sociedade Brasileira de Dermatologia publicou, em agosto, nota esclarecendo que medicamentos injetáveis, tanto na pele quanto no couro cabeludo, devem ser aplicados por médicos. Para explicar melhor sobre o assunto, chamei a Dra Erika Kinoshita, dermatologista e profissional especializada em estética.

Com a popularização do ácido hialurônico e botox, cada vez mais profissionais que não são aptos estão aplicando produtos injetáveis e oferecendo sérios riscos. Dados mostram que 90% das queixas no Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) são relativas a erros em procedimentos estéticos. E os procedimentos com injetáveis (preenchimento facial e botox) são, atualmente, os mais buscados. Além disso, uma pesquisa publicada na revista Plastic and Reconstructive Surgery mostra que em 2020, de um total de 47.360 procedimentos de preenchimento facial, mais da metade das complicações ocorrem nas mãos de profissionais que não são médicos. Erika Kinoshita explica que um erro em um preenchimento pode causar necrose, deformidades, cegueira e até outras consequências mais graves, pois o rosto é uma área muito delicada, com muitos nervos e vasos importantes. Por isso, o profissional deve não só entender muito bem de anatomia da face, como também saber como diagnosticar e tratar as possíveis complicações.

No Brasil, os conselhos de classe são os responsáveis pela regulamentação e fiscalização da atuação de seus respectivos profissionais ligados à Saúde. E, nos últimos anos, decisões de diversos conselhos incluíram o preenchimento facial no escopo de atuação de profissionais como dentistas, biomédicos e enfermeiros. Hoje é comum encontrar procedimentos com injetáveis sendo oferecidos até mesmo por esteticistas, fisioterapeutas e até em salões de beleza. A médica alerta sobre isso: "É preciso entender sobre cada tipo de produto. O ácido hialurônico é conhecido por seu efeito reversível, mas não é tão simples assim. Há casos, sim, em que a única alternativa será esperar o tempo de absorção do produto, que pode ser de até um ano. Isso, sem falar quando o paciente acredita que está fazendo um procedimento com ácido hialurônico e o que está sendo injetado é silicone industrial em gel ou outras substâncias que podem se espalhar pelo corpo e causar complicações graves como embolia pulmonar, AVC e até levar a morte", completa a médica.

A dermatologista ainda acrescenta a importância e diferença quando se escolhe um médico especializado na área. "O médico especialista possui formação adequada para realizar procedimentos estéticos com segurança, pois estudou por muitos anos e passou por uma formação rigorosa e especializada. Além disso, os médicos devem passar por treinamentos e atualizações constantes para manter suas habilidades e conhecimentos atualizados. Ele também vai avaliar cuidadosamente os riscos e benefícios de um procedimento estético, considerando as condições de saúde do paciente, histórico médico e outros fatores importantes. Além disso, médicos especialistas utilizam produtos e equipamentos seguros e regulamentados, que foram testados e aprovados pelas autoridades competentes, como a Anvisa. Isso ajuda a minimizar os riscos de efeitos colaterais e complicações e vão fornecer orientações e cuidados pós- procedimento para a recuperação adequada do paciente", acrescenta Érika.

É muito importante se atentar no local e profissional com quem você realizará o procedimento para evitar possíveis complicações. Também saiba o que é colocado em seu corpo. Os produtos devem ser testados e aprovados pela Anvisa. Fique aqui, fique bem, fique com a gente!

*Médico. Professor-doutor da faculdade de medicina da UFRJ e Coordenador Médico do Laboratório de Inovação e Saúde Pública da UFRJ.

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