Por: Sérgio Cabral*

Segurança Pública é política de Estado

Rio de Janeiro, Coletiva sobre Operacão na Maré – Centro Integrado de Comando e Controle – CICC. | Foto: Rafael Campos

A segurança pública é a mãe de todas as demais políticas públicas de Estado.

Isso vale para o Rio, Nova Iorque ou Nova Délhi.

Sem segurança pública todas as demais políticas públicas se tornam precárias. Escolas são fechadas, creches, postos de saúde, além do comércio local, e o mais grave: o pânico e pavor da população.

Segurança Pública é política de Estado. Não deve estar ao sabor da negociação política entre aliados de um governo. A promoção interna das corporações, as escolhas de titulares de delegacias e batalhões deve seguir o estrito critério do mérito e desempenho dos profissionais da segurança pública. Ela não deve ficar suscetível ao jogo diário da política.

A negociação para a sustentabilidade de um governo deve ser praticada e faz parte de todos os regimes democráticos. A presença de partidos e políticos aliados dentro de um mandato executivo é prática saudável nos sistemas parlamentaristas e presidencialistas em todo o mundo, onde a democracia prevalece. Mas a segurança não deve entrar no critério de escolhas de partidos e políticos aliados.

No Rio, conseguimos alcançar, entre 2007 e 2014, resultados inimagináveis de redução da criminalidade. Mas como num desfile da escola de samba campeã do carnaval ou do time de futebol vitorioso no campeonato, o segredo da vitória é o conjunto da obra (licença ao Cabral pai, craque nos dois assuntos!).

Quem visita o Centro Integrado de Comando e Controle, CICC, na Cidade Nova, vai se deparar com o que há de mais moderno em tecnologia e gestão de segurança pública.

A Cidade da Polícia, no Jacarezinho, era uma fábrica da Souza Cruz abandonada pela violência local. Lá fizemos o maior centro integrado de polícia judiciária do país.

Professor Vicente Falconi e seu time, junto com o nosso time da segurança pública, desenvolveram o plano de metas e bonificações semestrais aos policiais civis e militares, de acordo com o desempenho na queda de índices criminais. Incluindo aí a queda dos "autos de resistência", sofisma para a polícia matar sem controle social.

Macaque in the trees
Rio de Janeiro, Coletiva sobre Operacão na Maré – Centro Integrado de Comando e Controle – CICC. | Foto: Rafael Campos

As Risps, regiões integradas de segurança pública , e Aisps, áreas integradas de segurança pública, dividiam o estado em regiões e áreas que faziam as duas polícias trabalharem juntas no alcance das metas. Delegacias e Batalhões de cada área checavam e rechecavam dados e índices semanalmente.

Os bônus eram pagos a cada semestre, e o segredo: cada policial da região que alcançasse a meta recebia o prêmio sem distinção hierárquica. O soldado e o coronel recebiam o mesmo bônus. Delegado e agente o mesmo prêmio.

E a cada semestre eu fazia questão de ir à premiação. Momentos inesquecíveis no Theatro Municipal ou no Teatro João Caetano, quando eram entregues os diplomas de reconhecimento pela performance e a premiação já estava na conta bancária de cada profissional. Policiais militares e civis se abraçavam e confraternizavam o êxito da missão. Esses momentos estão gravados na minha retina para sempre (licença ao poeta Drummond).

Político, aliado ou não, pode e deve fiscalizar o desempenho da segurança pública, mas jamais indicar quaisquer cargos nessa área tão sensível e decisiva para o conjunto da sociedade. Assim, cada policial civil e militar sente que sua ascensão profissional depende da sua performance, e não de padrinho ou madrinha.

*Jornalista. Instagram: @sergiocabral_filho

 

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