O Copom cumpriu sua premissa e reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros, saindo, depois de um longo período, da casa dos 13% e indo para 12,75%. Seguindo as previsões do Boletim Focus, divulgação semanal do Banco Central com estimativas dos principais indicadores da economia brasileira, a Selic deve encerrar o ano em 11,75%. O valor, para muitos, ainda é considerado alto, mas já é um consolo para reaquecer alguns setores econômicos.
Antes uma metralhadora de críticas pela manutenção da taxa em 13,75%, a indústria celebra a queda, pois isso barateira um pouco os preços e as prestações, fazendo com que alguns produtos venham a sair de pátios e galpões e indo para as lojas, diminuindo o estoque.
Já as centrais sindicais querem um queda mais acentuada da taxa, afinal, o seu valor, ainda na casa de dois dígitos, não é favorável para os trabalhadores, que necessitam de mais malabarismos nas contas para conseguir encerrar o mês no azul.
Contudo, o comunicado do Copom dá a sensação de que os chamados "fatores externos" podem ser preponderantes para uma queda menor da Selic na próxima reunião. Não se pode esquecer que muitos países desenvolvidos estão sofrendo com seus juros e inflações altas e, por isso, o Brasil pode ficar sensível aos investidores. Assim, abaixar a Selic, mas em um patamar aceitável para o mercado interno e externo, pode ser um ótimo remédio para deixar o país bem no mundo global.
Fora isso, o principal instrumento da taxa básica de juros é conter a inflação e, ao que tudo indica, há chance do IPCA fechar o ano bem próximo ou praticamente dentro no limite do teto da meta (3,25%, com intervalo de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, 1,75% e 4,75%) de 2023. E já ajustando-a para ficar na meta 2024.
A economia brasileira está reagindo, mas ano que vem será um ponto chave, sendo o primeiro do arcabouço fiscal e, quem sabe, do novo sistema de tributos no país. Resta saber como o mercado deve se comportar com esses métodos e como o governo, com seus pesos e contrapesos, fará os devidos ajustes.
