Lula volta a discursar na Assembleia Geral da ONU quase 20 anos exatos do seu primeiro discurso como presidente do Brasil, que fora em 23 de setembro de 2003. Duas décadas depois, o mandatário volta a bater nas mesmas teclas: desigualdade social e meio ambiente, com uma pitada no Conselho de Segurança.
Muitos perguntam o porquê do Brasil ser o primeiro país a discursar depois do secretário-geral das Nações Unidas e do presidente da Assembleia. Dos muitos fatos explicativos para isso, todos se resumem ao nome do antigo chanceler brasileiro, Oswaldo Aranha.
Considerado um dos grandes embaixadores nacionais do século XX, Oswaldo Aranha foi o presidente da 1ª Sessão Internacional da ONU, para tratar do assunto da Palestina e buscar um acordo de paz entre árabes e judeus. Sua malemolência e traquejo em buscar um documento justo para os dois lados, atendendo, também os pedidos de Estados Unidos e União Soviética, fez dele um dos mais respeitados chancelers do Brasil no últimos tempos.
Há quem considere este o principal fato do país abrir a série de discursos em todas as assembleias da ONU, desde os anos de 1950. Outros vão na hipótese disso ser um "prêmio" de consolação, pelo fato do Brasil não ter uma cadeira efeitiva no Conselho de Segurança.
Aliás, esse foi um tema fortemente batido no discurso de Lula, na abertura da 78ª Assembleia Geral da ONU, pois, quando fora criado, a geopolítica mundial era bem diferente da atual e que, neste século XXI, o Conselho poderia ser mais representativo e dar espaço às nações em desenvolvimento socioeconômico.
Esse tema também foi eloquente, uma vez que Lula cobrou, mais um vez, uma maior atenção dos países do G7 — principalmente —, de ações para diminuir a poluição atmosférica e se preocuparem com o crescimento econômico sustentável.
Por mais que Lula venha a ter repetido alguns assuntos de falas em eventos internacionais anteriores, o Brasil sempre terá voz e respeito em todas as reuniões mundiais, pelo trabalho dos seus embaixadores, como Oswaldo Aranha e Sérgio Vieira de Mello, que, em agosto, completou 20 anos do atentado em Bagdá, capital do Iraque, que provocou a sua morte. Sérgio era Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos.